“O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia.” (Pv 28.13).
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Salmos 51.1-12; 1 João 1.8-10.
Salmos 51
1 — Tem misericórdia
de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; apaga as minhas
transgressões, segundo a multidão das tuas misericórdias.
2 — Lava-me completamente da minha iniquidade
e purifica-me do meu pecado.
3 — Porque eu conheço
as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim.
4 — Contra ti, contra
ti somente pequei, e fiz o que a teus olhos é mal, para que sejas
justificado quando falares e puro quando julgares.
5 — Eis que em
iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe.
6 — Eis que amas a verdade no íntimo, e no
oculto me fazes conhecer a sabedoria.
7 — Purifica-me com hissopo, e ficarei puro;
lava-me, e ficarei mais alvo do que a neve.
8 — Faze-me ouvir júbilo e alegria, para que
gozem os ossos que tu quebraste.
9 — Esconde a tua
face dos meus pecados e apaga todas as minhas iniquidades.
10 — Cria em mim, ó Deus, um coração puro e
renova em mim um espírito reto.
11 — Não me lances fora da tua presença e não
retires de mim o teu Espírito Santo.
12 — Torna a dar-me a alegria da tua salvação
e sustém-me com um espírito voluntário.
1 João 1
8 — Se dissermos que
não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós.
9 — Se confessarmos
os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos
purificar de toda injustiça.
10 — Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós.
A) Objetivos da Lição:
I) Compreender o que
significa confissão de pecado;
II) Mostrar o perigo
do pecado não confessado;
III) Compreender que a confissão de pecado é um caminho para a cura e a restauração.
INTRODUÇÃO
Atualmente, muitos acreditam que não
é preciso confessar o pecado por denominá-lo mera fraqueza ligada ao ambiente e
aos aspectos hereditários. Nesta lição, veremos que a Bíblia não ensina
assim. Em sua epístola, o apóstolo João escreve que o pecado é real e, por
isso, é um perigo para a vida do crente, pois suas consequências são trágicas. A orientação bíblica é a de que, caso ocorra um pecado, ele
deve ser confessado, abandonado como evidência do arrependimento para que o
crente arrependido possa receber o perdão de Deus (1Jo 2.9; cf. Sl
32.5).
Palavra-Chave: CONFISSÃO
I. A CONFISSÃO DE PECADO
1. Definição. O verbo “confessar”, da palavra
hebraica yadah, aparece como
“jogar”, “atirar”, “lançar” (1Rs 8.33), uma
palavra que vem da raiz verbal de hadah que
significa “estender a mão”. Essa palavra está presente 900 vezes no Antigo
Testamento, aparecendo com o sentido de “tomar conhecimento”, “saber”,
“reconhecer”. A palavra aparece no AT no contexto de confissão de pecado (Sl 32.5).
ידה yadah = Confessar, Confessar (o nome de Deus), Confessar (pecado)
33Quando o teu povo de Israel for ferido diante do inimigo, por ter pecado contra ti, e se converterem a ti, e confessarem o teu nome, e orarem, e suplicarem a ti nesta casa, 34ouve tu, então, nos céus, e perdoa o pecado do teu povo de Israel, e torna a levá-lo à terra que tens dado a seus pais. (1Rs 8.33)
εξομολογεω exomologeo
Confessar, 2) professar, 2a) reconhecer aberta e alegremente para a honra de alguém: celebrar, dar louvor a, 2c) prometer publicamente que farei algo, concordar, comprometer-se com
ομολογεω homologeo
1) dizer a mesma coisa que outro, concordar com, consentir, confessar,
declarar, admitir ou declarar-se culpado de uma acusação
NOTA: A nossa palavra “homologar” tem origem
no grego “ομολογεω” "homologéo".
E do latim “HOMOLOGARE”, que significa "confirmar, ratificar,
registrar".
Usamos a palavra “homologar” em português, estamos nos referindo ao ato
de admitir oficialmente algo, estabelecer a validade de algum processo
pleiteado ou a aceitação de um pedido.
2. A confissão bíblica de pecado. O ensino bíblico geral da confissão de pecado traz a
ideia de reconhecê-lo e fazer a sua confissão, pois o perdão depende desse ato (Sl 32.5; 1Jo 1.9).
Essa confissão pode ser no
momento da conversão; ou depois dela, quando pecados cometidos podem
ser contra Deus ou contra um irmão (Mt 5.21,22).
Segundo o ensino bíblico, era tão somente depois da
confissão de pecados que se poderia viver verdadeiramente uma vida de oração e
comunhão com Deus (Ne 1.6; Sl 66.18; Lc 18.9-14).
3. O símbolo da confissão de
pecado. No ato da confissão de pecados, a pessoa reconhece de
maneira autônoma os pecados cometidos e que, por isso, se encontra indigna de
estar na presença de Deus. Ela reconhece a sua natureza pecaminosa diante do
Altíssimo (Rm 3.10-12). Então, em arrependimento sincero e em confissão, busca
o que lhe é garantido por meio da Palavra de Deus: o perdão. Assim, quem
experimenta o ato sincero e humilde da confissão de pecado alcança a
misericórdia de Deus (Pv 28.13). Então, a alma é consolada e a vida espiritual
é restaurada.
SINOPSE I
O ensino bíblico da confissão de pecado traz a ideia de
reconhecê-lo e fazer a sua confissão.
AUXÍLIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
No Salmo 51 a gente vê o conceito de
pecado e as suas consequências (perda da salvação, da presença de Deus, da
vitalidade e da alegria espiritual). A preocupação de Davi não foi com o fato
de perder o trono, mas com a perda da comunhão com Deus e a salvação.
“Este salmo é a confissão de Davi, quando o profeta Natã
revelou seus pecados de adultério e de homicídio (cf. 2Sm 12.1-3).
(1) Note-se que este salmo foi escrito por um crente que
voluntariamente pecou contra Deus e de modo tão grave foi privado da comunhão e
da presença de Deus (cf. 11).
(2) Provavelmente, Davi escreveu este salmo já arrependido,
após Natã declarar-lhe o perdão divino (2Sm 12.13).
Davi roga diretamente a plena restauração da sua salvação, a pureza, a presença de Deus, a vitalidade espiritual e a alegria (vv.7-13)”
II. O PERIGO DO PECADO NÃO CONFESSADO
1. Os males dos pecados não
confessados. Quando lemos e analisamos Provérbios
28.13, “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa
e deixa alcançará misericórdia.” percebemos que a confissão de
pecado não se trata apenas de um ensino judaico, mas também cristão. A Epístola
de João corrobora com a necessidade de se confessar o pecado, deixá-lo e
alcançar o perdão (1Jo 1.9)
“ 9Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos
perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. ”. Em
contrapartida, quem ignora a confissão de pecado, ocultando-o, vive uma vida de
aparência e de morte espiritual; semelhante ao que
os nossos primeiros pais, Adão e Eva, viveram ao tentar ocultar os seus pecados
diante de Deus (Gn 3.8); bem como o rei Davi, o homem segundo o coração de
Deus, que procurou ocultar do Senhor seus pecados (2Sm 11; 12).
2. As consequências do pecado de
Adão e Eva. A realidade bíblica do pecado pode ser vista no
primeiro casal, Adão e Eva, quando pecou e, por isso, recebeu
sentenças devidas (Gn 3.14-19). Além disso, nossos
primeiros pais perderam o direito de viver no ambiente mais perfeito e belo que
Deus criou (Gn 3.24).
Por isso na vida de Adão e Eva há consequências trágicas do
pecado, tais como: alteração da condição física de ambos; a transição da natureza imortal para mortal; diversas tenções no gênero humano e na natureza.
Assim, sabemos que as consequências do pecado de nossos
primeiros pais não se limitaram a eles, mas perpassaram a todo o gênero humano
e natural (Rm 5.12-14).
3. As consequências do pecado de Davi. O rei Davi pagou um alto preço com o seu pecado. A Bíblia mostra que, por isso, a espada não sairia da sua casa (2Sm 12.10-12). Os capítulos 11 e 12 de 2 Samuel revelam o conflito e o senso de culpa que marcavam a vida de um homem que, por certo tempo, ocultou o seu pecado, trazendo-lhe enfermidades morais e aflição que o levavam a gemidos. O Salmo 32 mostra que, por se manter em silêncio, não confessando o seu pecado, Davi enfraqueceu cada vez mais, perdendo o vigor espiritual (Sl 32.2-4). Já o Salmo 51 mostra a confissão de pecado do rei, reconhecendo todos os seus erros a fim de que eles fossem perdoados e o salmista purificado (Sl 51.2-6).
SINOPSE II
A Palavra de Deus mostra a necessidade de se confessar o pecado, deixá-lo e assim alcançar o perdão.
III. CONFISSÃO DE PECADO: UM CAMINHO DE CURA E RESTAURAÇÃO
1. Confessando o pecado a Deus. Segundo o ensino
bíblico, a confissão de pecados deve primeiramente ser dirigida a Deus, por
intermédio de seu Filho, pois só Ele pode perdoar os nossos pecados (Sl 51.3,4;
Mt 9.2,6). Ao longo do seu ministério, o Senhor Jesus disse à mulher
pecadora: “Os teus pecados te são perdoados” (Lc
7.48). Na oração do Pai-Nosso, o Senhor Jesus ensinou: “[Pai] Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós
perdoamos aos nossos devedores” (Mt 6.12). Em 1 João 1, lemos que os nossos pecados devem ser confessados a Cristo (1Jo 1.7-9).
Dessa forma, perdoar pecado é uma prerrogativa de Deus Pai por intermédio do
Senhor Jesus, mediante a sua obra no Calvário.
2. Alcançando cura e restauração. O
texto áureo da lição nos lembra que ocultar o pecado é decidir por trilhar uma
jornada de sofrimento espiritual e emocional. Mas quem deixa de lado o orgulho
e a soberba para trilhar o caminho humilde da confissão de pecado vive uma vida
mais leve. Não há nada mais restaurador que desfrutar das misericórdias do
Senhor (Pv 28.13). Não há nada mais consolador do que
confessar o pecado e deixá-lo definitivamente, pois assim encontraremos
descanso para a alma. Todo esse processo de confissão e abandono de
pecado revela a eficácia do ministério da reconciliação de Deus por meio de
Jesus Cristo (2Co 5.18). Quem faz assim encontra o caminho de cura e
restauração, conforme lemos nas palavras do salmista: “Enquanto eu me calei,
envelheceram os meus ossos pelo meu bramido em todo o dia. [...] Confessei-te o
meu pecado e a minha maldade não encobri; dizia eu: Confessarei ao Senhor as
minhas transgressões; e tu perdoaste a maldade do meu pecado” (Sl 51.3,5).
SINOPSE III
A confissão de pecado é o único caminho para a cura e a restauração do corpo, alma e espírito.
CONCLUSÃO
Em nossa caminhada cristã estamos sujeitos ao pecado. Encobri-lo e viver uma vida espiritual de aparência não é uma opção bíblica para o caminho da cura e da restauração. Logo, uma jornada de perdão só é possível com a confissão do pecado praticado e a resolução de abandoná-lo de uma vez por todas. Quem procede assim desfrutará das infindáveis misericórdias divinas.
VERDADE PRÁTICA
Para desfrutar um caminho de restauração e reconciliação com
Deus, precisamos confessar o pecado e abandoná-lo de uma vez por todas.