Hoje vamos ver termos como: hagios, paideuo, katártizo e hagiástheto do grego
E Kadosh, yishrah, towkachath do hebraico e suas
aplicações
OBJETIVOS DA LIÇÃO:
I) Mostrar a necessidade de disciplina na
igreja;
II) Destacar que a disciplina tem como
propósito preservar a honra cristã e repelir a prática do pecado;
III) Apresentar as diferentes formas de
disciplina na Bíblia.
Nota: A disciplina sempre existiu entre o povo de
Deus. A disciplina tem sido o método
pelo qual o Senhor preserva a santidade e a comunhão com o seu povo. Para
isso Deus usou a Lei, os profetas e, por
fim, seu próprio Filho anunciando a mensagem do Reino.
A disciplina não é punição, não tem a
pretensão de humilhar o pecador, mas de corrigir e manter em comunhão com Deus.
O Senhor só repreende e corrige os que Ele ama. Nesse sentido, o crente
deve aceitar a disciplina como indispensável para melhorar o seu comportamento
e testemunho cristãos.
INTRODUÇÃO
Nesta lição,
estudaremos sobre a prática da disciplina na igreja. Embora seja muito necessária, a disciplina como prática da Igreja
Cristã vem sendo esquecida e negligenciada por muitos. Uma igreja que não corrige seus membros perdeu a sua
identidade, e não é mais que um mero grupo social.
O resultado disso
são igrejas fracas, anêmicas e sem testemunho cristão.
TÓPICO I. A NECESSIDADE DA DISCIPLINA BÍBLICA
1.
Quando Deus se faz presente, a nossa pecaminosidade se evidencia: “E, vendo isso Simão Pedro, prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Senhor, ausenta-te de mim, por que sou um homem pecador” (Lc 5.8). Assim, quando o comportamento pecaminoso na vida do crente não é corrigido, a santidade de Deus deixa de ser reconhecida.
3. Quando a igreja não disciplina. Se a igreja, como Corpo de Cristo deve ser santa (1Co 3.16), da mesma forma o cristão, como membro desse Corpo, o deve ser também (1Co 6.19). A santidade faz parte da identidade do cristão (Ef 1.1). Logo, a falta de disciplina acaba embotando essa identidade. Surge, então, a imagem do crente “mundano” ou “carnal”. Na verdade, esses adjetivos revelam de fato um crente indisciplinado. Alguém que não tratou, ou não foi tratado, aquilo que acabou se tornando um hábito pecaminoso. Nesse sentido, a falta de disciplina acaba destruindo o limite entre o sagrado e o profano. Portanto, uma igreja que não disciplina seus membros torna-se mundana (Ap 3.19).
TÓPICO II. O PROPÓSITO DA DISCIPLINA BÍBLICA
1. Manter a honra de
Cristo. Quando o pecado não é tratado na vida do
crente, Cristo é desonrado: “o nome de Deus é blasfemado entre os gentios por causa
de vós” (Rm 2.24). Se não corrigido, o comportamento pecaminoso
compromete o testemunho cristão. No caso da igreja de Corinto, onde um dos seus
membros adotou um comportamento flagrantemente pecaminoso sem, contudo, ter uma
resposta enérgica da igreja, condenando essa prática, levou o apóstolo Paulo a
censurá-la (1Co 5.2). Não é possível alguém adotar um comportamento pecaminoso
sem que com isso incorra em julgamento divino (1Co 11.27-34; Ap 2.14,15).
2. Frear o comportamento pecaminoso. Outro propósito da disciplina cristã está no fato de que ela põe um freio no comportamento pecaminoso. Isso porque o pecado é algo extraordinariamente contagioso que tem poder de se alastrar com grande facilidade. “Não sabeis que um pouco de fermento faz levedar toda a massa?” (1Co 5.6).
3. Não tolerar a prática do pecado. Em 1 Coríntios 5, o apóstolo Paulo censura os coríntios porque não estavam adotando medida alguma contra a prática do pecado por parte de um de seus membros (1Co 5.1,2). A consequência disso é que esse pecado acabaria enfraquecendo a igreja, pois uma igreja que não pratica a disciplina bíblica fatalmente fracassará. Nesse sentido, não se pode tolerar a prática do pecado, ou o comportamento pecaminoso, na igreja nem fora dela: “Mas tenho contra ti o tolerares que Jezabel, mulher que se diz profetisa, ensine e engane os meus servos, para que se prostituam e comam dos sacrifícios da idolatria” (Ap 2.20).
“CORREÇÃO” AUXÍLIO TEOLÓGICO
Esta palavra é usada para regenerar,
emendar, restaurar, disciplinar. A correção é uma função e uma
responsabilidade do pai para com os seus filhos (Pv 23.13; 29.17; Jr 2.30; Hb
12.9) e de Deus para com o seu povo (Jó 5.17; Pv 3.12; Hb 12.7,9). Tanto o
termo em hebraico como em grego sugere um significado duplo; instruir, guiar,
argumentar; e, também, punir, castigar, reprovar.
A correção é visível em todo o processo de criação dos
filhos, como sugere o termo grego mais comum paideuo, ‘educar um filho’,
envolvendo tanto a orientação positiva, como a disciplina negativa, no caso de
má conduta.
παιδευω paideuo
de 3816; TDNT - 5:596,753; v
1) treinar e educar crianças
1a) ser instruído ou ensinado
1b) levar alguém a aprender
2) indica a ação de Deus
que pune os que ama
2a) punir ou castigar com palavras, corrigir
2a1) indica a ação daqueles que moldam o caráter de
outros pela repreensão e admoestação
2c1) indica a ação de um pai que pune seu filho
2c2) indica a ação de um juiz que ordena que
alguém seja açoitado
3809 παιδεια
paideia
1) todo o treino e educação infantil
2) (diz respeito ao cultivo de mente e moralidade,
e emprega ordens,
admoestações, repreensão e punição).
Também inclue o treino e
cuidado do corpo
3)
Em adultos indica
aquilo que cultiva a alma,
pela correção de erros e
contenção das paixões.
2a) instrução que aponta para o crescimento em virtude
2b) castigo, punição, (fala dos males com os quais
Deus visita homens para sua correção)
EM HEBRAICO o TERMO CORREÇÃO É:
03483
ישרה yishrah
1)
correção
08433 תוכחה towkechah e תוכחת towkachath
1) repreensão, correção, censura, punição, castigo
2) argumento, reprimenda
2a) argumento, contestação
2b) reprimenda, desaprovação
2c) correção, repreensão
TÓPICO III. AS FORMAS DE DISCIPLINA BÍBLICA
1. A disciplina como modo de correção. As Escrituras mostram a necessidade de sermos corrigidos. A correção contribui para o crescimento e formação do caráter cristão: “Porque que filho há a quem o pai não corrija?” (Hb 12.7). Todos os crentes, de alguma forma, tiveram a necessidade de ser corrigidos em algum momento. Se alguém não é corrigido quando erra, então, segundo a Bíblia, trata-se de um bastardo e não de filho (Hb 12.8). Pedro, por exemplo, teve que ser corrigido por Paulo quando adotou uma atitude visivelmente errada em relação aos gentios (Gl 2.11-14). Quando o crente comete alguma falta e não é corrigido, a tendência é que isso acabe se tornando um hábito. O comportamento errado é reforçado. Dessa forma, o alvo da disciplina é levar aquele que pecou, ou vive na prática do pecado, à restauração e reconciliação (Gl 6.1).
2.
καταρτιζω katártizo
restituir, preparar, emendar,
reparar o que estava quebrado ou rachado
No
sentido ético: fortalecer, aperfeiçoar,
completar,
tonar-se no que se deve ser
O sentido, portanto, é fazer com que a pessoa atingida pelo pecado seja restaurada ao seu anterior estado de bem-estar com Deus, da mesma forma que uma rede de pesca volta à sua utilidade após ser consertada. Nesse aspecto, dizemos que a disciplina cumpre o importante papel de restaurar o ferido, conforme a instrução do apóstolo Paulo à igreja de Corinto para que restaurasse o faltoso à comunhão (2Co 2.5-8).
3. A disciplina como modo de exclusão. Esse tipo de disciplina é também conhecido como “cirúrgica”. Isto porque o membro é cortado do Corpo de Cristo: “Tirai, pois, dentre vós a esse iníquo” (1Co 5.13). Nesse caso, há um desligamento e não apenas um afastamento da comunhão: “Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu” (Mt 18.18). Assim, o indivíduo perde a condição de membro pelo desligamento, já que o Senhor disse que ele passa a ser considerado “gentio” e “publicano” (Mt 18.17). Esse desligamento corta o vínculo da comunhão entre o membro e a igreja. Não há, portanto, mais vínculo entre o crente excluído por esse processo disciplinar e a igreja da qual fazia parte.
AUXÍLIO TEOLÓGICO
“DEUS DISCIPLINA SEUS FILHOS (Hb 12.4-15)
A correção de Deus é dirigida à produção de justiça e paz
(Hb 12.10b,11). O autor revela o fim para o qual se destina a disciplina ou a
correção de Deus. Não importa o quanto possam ser desagradáveis as experiências
difíceis das nossas vidas, ou dolorosos os nossos sofrimentos, nós podemos
obter consolo do fato de que ‘mais tarde’ tais experiências produzirão ‘um
fruto pacífico de justiça’. O resultado, entretanto, não é automático. A
palavra traduzida como ‘exercitados’ no
versículo 11 é gegymnasmenois, que deriva do
atletismo, onde ela significa um exercício contínuo.
O atleta diz: ‘sem esforço não há resultados’, (No Pain No
Gayn), querendo dizer que somente rompendo o tecido muscular e reconstruindo
tecidos mais fortes é que ele pode atingir e seu objetivo. A correção que Deus
impõe nos dá oportunidades cada vez mais novas para nos exercitarmos
espiritualmente.
CONCLUSÃO
Nesta lição, vimos o valor da disciplina cristã sob
diferentes aspectos. A disciplina se mostra necessária quando sabemos que Deus
é santo e exige que seu povo seja santo. Por outro lado, a disciplina também
cumpre os propósitos de Deus quando ela conduz o cristão a se conformar com o
caráter de Cristo. Uma igreja indisciplinada, portanto, perdeu o bom cheiro de
Cristo (2Co 2.14).