Analisar a Promessa do Pai conforme
ensinada por Jesus no Evangelho de João;
Investigar o fato de que o Espírito
habita nos discípulos para que estes cumpram a vontade de Deus;
Evidenciar o poder transformador da descida do Espírito no Dia de Pentecostes.
Palavra-Chave: ESPÍRITO SANTO
INTRODUÇÃO
Na lição de hoje vamos analisar dois momentos significativos: a afirmação de Jesus aos seus discípulos de que eles receberiam o Espírito Santo, que inicialmente atuaria na vida do pecador para promover a conversão (em relação ao pecado, justiça e juízo). E vamos estabelecer uma ligação entre a Promessa do Espírito em João e a capacitação do Espírito para a evangelização, que encontramos no Livro de Atos dos Apóstolos, escrito pelo evangelista Lucas.
Capacitação do Espírito
para a evangelização
Atos
1, 8 - Mas recebereis
a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas
tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da
terra.
Promessa do envio do
Espírito Santo
João
14, 16 - E eu
rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique
convosco para sempre,
Grego:
κἀγὼ ἐρωτήσω τὸν Πατέρα, καὶ ἄλλον Παράκλητον δώσει ὑμῖν, ἵνα μένῃ μεθ’ ὑμῶν εἰς τὸν αἰῶνα.
Transliteração:
kagṑ erōtēsō ton Patéra, kai állon Paráklēton dōsei hymîn, hína ménē meth’ hymôn eis ton
aiôna.
NOTA: Explicação gramatical e etimológica:
Gramaticalmente
- "Allon" é a forma acusativa
singular masculina do adjetivo "allos" (ἄλλος),
que significa "outro" ou "diferente".
- No contexto da frase, "Allon
Paráklēton" (ἄλλον Παράκλητον) indica "outro
Consolador", ou seja, alguém que viria
após Jesus para cumprir um papel semelhante ao Dele.
Etimologicamente
- "Allos" vem do grego antigo e é usado para
indicar algo da mesma natureza, mas distinto. Isso é diferente de "heteros" (ἕτερος),
que significa "outro de natureza diferente".
- Ao usar "allon",
Jesus enfatiza que o Espírito Santo seria outro Consolador da mesma
essência que Ele, reforçando a ideia
da continuidade da missão divina.
TEXTO ÁUREO
“E, havendo dito isso, assoprou sobre eles e
disse-lhes: Recebei o
Espírito Santo.” (Jo
20.22).
Grego:
καὶ τοῦτο εἰπὼν ἐνεφύσησεν
καὶ λέγει αὐτοῖς· Λάβετε
Πνεῦμα Ἅγιον.
Transliteração:
kai toûto eipṑn enefýsēsen
kai légei autoîs: Lábete
Pneûma Hágion.
NOTA: O verbo grego ἐνεφύσησεν (enephysēsen) em João 20:22 significa "soprou" ou "insuflou".
Aqui em (João 20:22) o sopro de Cristo traz poder em Gênesis 2:7, o sopro de Deus traz o
fôlego da vida em Adão.
Esse ato de Jesus pode ser
entendido como capacitação
e renovação, preparando
os discípulos para sua missão.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
João 14.16-18,26; 16.7,8,13;
20.21,22.
João 14
16 — E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que
fique convosco para sempre,
17 — o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não
o vê, nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco e estará em
vós.
18 — Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós.
26 — Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em
meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos
tenho dito.
João 16
7 — Todavia, digo-vos a verdade: que vos convém que eu vá, porque,
se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, se eu for, enviar-vo-lo-ei.
8 — E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça,
e do juízo.
13 — Mas, quando vier aquele Espírito da verdade, ele vos guiará em
toda a verdade, porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido
e vos anunciará o que há de vir.
João 20
21 — Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim
como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós.
22 — E, havendo dito isso, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo.
I.
A PROMESSA DO PAI
1.
Jesus enviará o Consolador. No Evangelho de João,
capítulo 14, lemos: “ele vos dará outro Consolador” (v.16). Este Consolador é o
Espírito Santo que “habita convosco e estará em vós” (v.17). No capítulo 16, é mencionado
que quando o Consolador
chegar “convencerá o mundo
do pecado, da justiça e do juízo” (v.8), evidenciando a atuação
regeneradora da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade.
2.
O Consolador. A palavra grega traduzida como “consolador” é paráklêtos,
cujo significado refere-se a alguém
chamado para ajudar, encorajar ou interceder por outra pessoa. Assista a aula 9 do 1º trimestre de 2025 nesse link pra ver
explicações minuciosas sobre a pessoa do Espírito Santo: https://www.youtube.com/watch?v=4IRRmjvHXz4&pp=0gcJCbAJAYcqIYzv
Assim, um paráklêtos assemelha-se
a um amigo que desempenha o papel de advogado ou consultor especial, ou ainda como um assistente que
auxilia em momentos importantes. A expressão “outro consolador” designa o Espírito Santo como uma
Pessoa. O termo grego állos significa
“outro”, indicando assim a distinção dele em relação a outros indivíduos da
mesma natureza, reafirmando a singularidade do Espírito Santo em relação
às outras duas pessoas da Trindade, mas também a sua igualdade com elas (Jo
14.16).
3.
“Não vos deixarei órfãos”. A palavra grega para “órfãos”, em João 14.18, é órphanós. Quando Jesus morreu, os discípulos
sentiram-se órfãos. Deve ter sido difícil aceitar o fato de que o Senhor, o
Cristo de Deus, estava morto. Não era por acaso que Jesus
chamava os seus discípulos de “filhinhos” (Jo 13.33). Nesta relação
pessoal entre Jesus e os seus discípulos, Ele garantia que eles nunca ficariam
órfãos, desamparados ou desprezados.
NOTA: A palavra grega ὀρφανός (orphanos)
significa "órfão",
referindo-se a alguém que perdeu os pais. No Novo Testamento, aparece em João 14:18, onde Jesus diz: "Não
vos deixarei órfãos; voltarei para vós." Aqui, o termo
tem um sentido mais amplo, indicando não apenas a perda física dos pais, mas
também um estado de
abandono espiritual.
Etimologicamente, ὀρφανός (orphanos) vem do grego antigo e está relacionado à ideia de privação. Sua raiz indo-europeia orbh- também originou palavras em outras línguas, como o latim orbus ("privado") e o inglês orphan/ ôrf(ə)n ("órfão").
SINOPSE I
Jesus Cristo garantiu que enviaria
o Consolador e que não abandonaria os seus discípulos.
II.
O ESPÍRITO HABITA OS DISCÍPULOS
1. João 20.22. NOTA: Pertencemos a Deus de três formas: por criação, por redenção e por habitação.
É crucial considerarmos o contexto
que envolve os versículos 21 e 22 do capítulo 20 de João. Nessa ocasião, Jesus apareceu ressuscitado e glorificado.
A passagem bíblica onde se encontram os versículos 21 e 22 começa no versículo
19 (Jo 20.19-23). Assim, o cenário em que Jesus se apresenta ressuscitado, com
um corpo glorificado, remete tanto ao contexto anterior (20.1-20) como ao
imediato (20.23-31; 21.1-25) de João 20.22.
Jesus aparece aos onze. A
incredulidade de Tomé
19Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus, e pôs-se no meio, e disse-lhes: Paz seja convosco! 20E, dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. De sorte que os discípulos se alegraram, vendo o Senhor. 21Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós. 22E, havendo dito isso, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo. (João 20.19-23).
2.
O sentido de “assoprou sobre eles” o Espírito. O
capítulo 20 do Evangelho de João contém um versículo que gera diversas interpretações
teológicas divergentes (v.22). No entanto, a Bíblia de Estudo
Pentecostal (BEP) oferece uma observação significativa sobre a
interpretação deste versículo. Ela esclarece que a palavra grega traduzida como
“assoprar” é emphusao, a qual
também aparece na versão grega da Bíblia (A Septuaginta) em
Gênesis 2.7, significando “fôlego de vida”; e é utilizada em Ezequiel 37.9 no
contexto de “assoprar sobre os mortos para que vivam”. Portanto, a expressão
presente em João 20.22 sugere que o Espírito foi “soprado” para trazer nova
vida, indicando uma perspectiva de regeneração dos discípulos, como uma obra do
Espírito ocorrida antes do Dia de Pentecostes. A
conclusão é que o sentido de “assoprou sobre eles” é de RENOVAÇÃO.
NOTA: O termo grego em João 20:22 é ἐνεφύσησεν (enephysēsen),
derivado do verbo ἐμφυσάω
(emphusáō), que significa "soprar sobre" ou "insuflar".
Na Septuaginta (tradução grega do Antigo
Testamento) em contextos de transmissão de vida e poder divino aparece ζήσεσθε (zḗsesthe), que
vem do verbo ζάω (zaō), significando "viver".
Explicação gramatical
- ζήσεσθε
está no futuro médio indicativo segunda pessoa do plural, ou seja, "vós
vivereis".
"E porei em vós o meu
Espírito, e vivereis,
e vos porei na vossa terra, e sabereis que eu, o SENHOR, disse isso e o fiz,
diz o SENHOR." (Ezequiel 37.14)
Grego:
καὶ δώσω τὸ πνεῦμά μου ἐν ὑμῖν, καὶ ζήσεσθε, καὶ θήσω ὑμᾶς ἐπὶ τὴν γῆν ὑμῶν, καὶ γνώσεσθε ὅτι ἐγὼ
κύριος λελάληκα καὶ ποιήσω.
Transliteração:
kai dṓsō to pneûmá mou en hymîn, kai zḗsesthe, kai thḗsō hymâs epì tḕn gên hymôn, kai
gnṓsesthe hóti egṑ kýrios lelálēka kai poiḗsō.
3.
Um episódio anterior ao Pentecostes. Em João 20.22 também se lê: “Recebei o Espírito Santo”.
Esta expressão surge como consequência direta da menção a “assoprou sobre
eles”, indicando que o Espírito Santo habitou os discípulos naquele momento
específico. A partir desse ponto, os discípulos
tornaram-se nova criação/RENOVADOS, completamente regenerados e sendo
governados, habitados e vivificados pelo Espírito Santo (Rm 8.9-14; Gl
5.16-26). Posteriormente, o que ocorreu em Pentecostes seria uma segunda
obra distinta e capacitadora do Espírito para os discípulos pregarem o
Evangelho, começando em Jerusalém até aos confins da terra (At 1.8).
SINOPSE II
João 20.21,22 refere-se a um
acontecimento que ocorreu antes da descida do Espírito Santo no dia de
Pentecostes.
III.
A PROMESSA DO PAI NO DIA DE PENTECOSTES
1.
“De repente”. O aparecimento de Jesus em João 20 refere-se ao período compreendido
entre a Páscoa e o Dia de Pentecostes. Após a Ressurreição, o Senhor glorioso
aparece aos seus discípulos. Na Páscoa, o cordeiro da
expiação foi sacrificado, sendo Jesus o Cordeiro de Deus, conforme estudado ao
longo do trimestre. No entanto, cinquenta dias depois da Páscoa,
celebrava-se a Festa da Colheita no dia de Pentecostes. Foi ao final deste dia, ainda não concluído, após Jesus ter feito a
promessa de recebimento de poder (At 1.4,8), que “de repente” (At 2.2) ocorreu
um acontecimento extraordinário: o derramamento do Espírito Santo (At 2.1-4).
2.
“E todos foram cheios do Espírito Santo”. Observamos
que durante o ato de conversão, o Espírito Santo realiza a Regeneração (Jo
14.17; 16.8-10; Jo 20.22; 2Co 5.17). Contudo, desde que se dá esta obra regeneradora do Espírito, é
necessário que os salvos sejam cheios do Espírito e revestidos de poder para testemunho do
Evangelho. Assim sendo, especialmente no Livro dos Atos dos Apóstolos,
os teólogos associam “ser cheio do Espírito” ao “Batismo no Espírito Santo”,
como descrito quando dizemos: “todos foram cheios do
Espírito Santo” e consequentemente “começaram a falar em outras línguas,
conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem” (At 2.4).
3. “E começaram a falar em outras línguas”. O Batismo no Espírito Santo constituiu uma experiência profunda na vida dos discípulos já regenerados em Cristo e essa experiência não se limitou àquele único dia. O cumprimento da promessa abrangeu toda a igreja nascente naquele momento e todas as gerações futuras até a volta de Cristo (At 2.38,39). O falar em outras línguas evidenciou esta obra capacitadora (At 2.11). Apesar de algumas pessoas compreenderem estas línguas nos seus próprios idiomas, eram na verdade expressões espirituais concedidas pelo Espírito que habilitou os discípulos a glorificar as grandezas de Deus. Eram línguas desconhecidas por quem falava, mas compreendidas pelos ouvintes. Assim sendo, as línguas mencionadas por Lucas são evidências físicas visíveis do Batismo no Espírito Santo.
SINOPSE III
A Promessa do Pai também tem a ver com o derramamento do Espírito Santo conforme aconteceu no dia de Pentecostes.
VERDADE PRÁTICA
A promessa do Pai não se restringe a um grupo particular ou a um período específico, mas inclui todos aqueles que se arrependem e creem no Evangelho.
CONCLUSÃO
A Promessa do Pai tem a ver com a regeneração do pecador e com a capacitação do salvo para testemunhar do Senhor Jesus em todos os lugares. Essa promessa perpassa toda a Bíblia, se manifesta completamente em Pentecostes e está presente até hoje para todos os que se arrependerem e crerem no Evangelho. Até a volta do Senhor Jesus, a Promessa do Pai pode se manifestar na vida do pecador, regenerando-o; na vida do salvo, batizando-o no Espírito Santo.
REVISANDO O CONTEÚDO
1. De acordo com João 14, conforme apresentado na lição, como podemos
perceber o registro de alguns ensinos de Jesus?
O Espírito Santo como Consolador e
Regenerador.
2. Dê o conceito da palavra “Consolador” de acordo com a lição.
Refere-se a alguém chamado para
ajudar, encorajar ou interceder por outra pessoa.
3. Quais são as duas expressões em João 20.22 que são muito
importantes?
“Assoprou sobre eles” e “Recebei o
Espírito Santo”.
4. Que obra extraordinária o Senhor Jesus realizou em Atos 2?
O Batismo no Espírito Santo.
5. No ato da conversão, o Espírito Santo opera a Regeneração. A
partir da obra regeneradora, o salvo precisa de quê?
Desde que se dá esta obra
regeneradora do Espírito, é necessário que os salvos sejam cheios do Espírito e
revestidos de poder para testemunho do Evangelho.