INTRODUÇÃO
Para entendermos melhor a lição de hoje vamos ver algumas palavras dos idiomas originais para céu:
שָּׁמַיִם Shamayim
Ουρανός - Ouranós
Μεσουράνιος - mesouránios
ἐπουράνιος - Epouránios
TEXTO ÁUREO
“Mas a nossa cidade está
nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo.”
(Fp 3.20).
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Filipenses
3.13,14,20,21; Apocalipse 21.1-4.
Filipenses 3
13 — Irmãos,
quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que,
esquecendo-me das coisas que atrás ficam e avançando para as que estão diante
de mim,
14 — Prossigo
para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.
20 — Mas a
nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus
Cristo,
21 — Que
transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso,
segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas.
Apocalipse 21
1 — E vi um novo céu e uma
nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e
o mar já não existe.
2 — E eu,
João, vi a Santa
Cidade, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu, adereçada como
uma esposa ataviada para o seu marido.
3 — E ouvi
uma grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles
habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles e será o seu
Deus.
4 — E Deus
limpará de seus olhos toda lágrima, e não haverá mais morte,
nem pranto, nem clamor,
nem dor, porque já as primeiras coisas são
passadas.
Objetivos da Lição:
I) Distinguir
o céu como morada final na vida eterna com Deus;
II) Apresentar o
conceito de Céu conforme o Livro do Apocalipse;
III) Pontuar que o céu é o destino dos cristãos e o lugar de repouso após a árdua carreira da vida cristã neste mundo.
I. CÉU: O ALVO DE TODO CRISTÃO
1. Definindo céu.
2. O céu conforme o ensino
de Paulo.
3. O alvo do cristão.
1. Definindo céu. A palavra hebraica shamayim,
que significa céu, céus (Gn 1.1), aparece 419 vezes no
Antigo Testamento. O termo grego ouranós, céu (Mt 3.2; Ap 21.10), aparece 280 vezes no Novo Testamento com dois sentidos:
“Ouranós” é traduzido literalmente como “o que cobre” ou “o que envolve”. Na mitologia grega, Ouranós era a divindade que personificava o céu. No latim é Uranus.
Ouranós “Ουρανός” é o céu como firmamento, atmosfera. O local onde
as aves e os aviões voam. No texto original hebraico a palavra para céus é “shamayim”.
A terminação
“im” indica o plural. Isso pretende mostrar que há mais do que
somente um céu.
Na Bíblia distingue-se pelo
menos três céus: o
céu inferior Ouranós, o céu
intermediário Mesouránios e o céu
superior Epouránios.
Por céu inferior entendemos o céu atmosférico, que envolve a terra com ar, nuvens e vapor.
O céu intermediário e o
céu planetário das estrelas, chamado também o céu astronômico, e além desse céu está o céu superior que
nas Escrituras é também chamado “céu dos céus”.
Nas traduções da Bíblia em língua portuguesa, a
palavra shamayim
foi traduzida por “altura”; e ouranós, como “algo elevado”.
Ambas as palavras são usadas para se referir a três locais distintos:
1) CÉU atmosférico
(Dt 11.11,17);
2) UNIVERSO ou
firmamento dos céus (Gn 1.14; 15.5; Hb 1.10);
3) MORADA de
Deus (Is 63.15; Mt 7.11,21; Ap 3.12).
Dos três
locais aplicados à palavra céu, o mais importante para o cristão é o terceiro,
a morada de Deus.
Mesouránios céu sideral, universo, cosmos.
O termo
"mesouránios"
em grego é escrito como "μεσουράνιος".
"Mesouránios"
é um termo que se refere ao céu intermediário, também conhecido como céu
astronômico. Este é o local imenso onde estão as estrelas e os planetas.
Em termos bíblicos, "mesouránios" é mencionado como o segundo dos três céus descritos na tradição judaica.
2. O céu conforme o ensino de Paulo. O Apóstolo Paulo foi arrebatado até o terceiro céu (Epouránios “ἐπουράνιος”/ "celestial"). Não por acaso, esse céu está enfatizado nas cartas do apóstolo como lugar celestial, o lar dos salvos em Cristo Jesus, onde temos um destino assegurado: o de estar para sempre com o Senhor (1Ts 4.17; cf. Ef 1.3,20; 2.6). Por isso, vivendo em Cristo, o crente desenvolve um relacionamento na esfera do reino, de modo que, ainda que não tenha ido para o céu, toda a sua vocação é celestial no presente momento de sua vida. Dessa forma, o poder que está em sua vida vem do céu e o habilita a vencer a cada dia.
2ª
aos Coríntios 12:2 (ARC)
Conheço
um homem em Cristo que, há catorze anos (se no corpo, não sei; se fora do
corpo, não sei; Deus o sabe), foi arrebatado até ao terceiro
céu. (τρίτου οὐρανοῦ/trítou ouranoú/terceiro céu).
Epouránios “ἐπουράνιος”/ "celestial".
A
região da imediata presença de Deus. Sede da ordem das coisas eternas e perfeitas onde Deus e
criaturas celestes habitam.
O termo “Epouránios”
em grego é escrito “ἐπουράνιος”.
Esse termo
se refere ao céu superior ou ao “céu dos céus”,
o lugar onde está o Senhor e os santos, onde
vivem os anjos. Este termo é usado para descrever algo
de origem ou natureza celestial.
3. O alvo do cristão. Depois de salvo, não pertencemos
mais a este mundo. Por isso, Paulo ensina que prossegue para o alvo(céu), isto
é, a linha de chegada que o atleta alcança o prêmio (1Co 9.24; 2Tm 4.8). Assim,
o apóstolo persegue o prêmio com determinação, liberdade, empenho e com os
olhos fixos no Autor da Salvação (Hb 12.2). Igualmente, o cristão passa a ter o céu como alvo por causa da soberana vocação, que
vem de cima, isto é, de Deus por meio de Jesus Cristo. O seu alvo revela
o resultado de uma nova vida e, por isso, o crente se volta para as coisas do
céu (Cl 3.2). A expressão a “nossa pátria está nos
céus” sintetiza bem essa nova realidade (Fp 3.20). Ao mencionar essa
expressão, o apóstolo mostra que temos uma cidadania celestial (Ef 2.19). Para
viver a plenitude dessa cidadania, o cristão peregrina para algo perfeito,
absoluto, em que finalmente terá o corpo abatido transformado conforme o corpo
glorioso de Jesus Cristo (1Co 15.44; 1Jo 3.2).
SINOPSE I
O cristão
passa a ter o Céu como alvo por causa da soberana vocação, que vem de cima,
isto é, de Deus por meio de Jesus Cristo.
II. A DESCRIÇÃO DO CÉU SEGUNDO O LIVRO DO APOCALIPSE
1. O novo céu e a nova
terra.
2. A linda cidade como
nossa nova morada.
1. O novo céu e a nova terra. Depois da abertura dos sete selos, conforme Apocalipse 6, em que predominaram a desordem, a tribulação e o juízo, o quadro revelado na sequência é o de um novo estado eterno. O apóstolo João diz que o primeiro céu e a primeira terra passaram, (esse "primeiro", mencionado aqui, é de ordem cronológica não geográfica) o mar não existe mais; esse céu (ouranós/ mesouránios) é o espaço atmosférico/astronômico, não se trata da habitação eterna de Deus. Então, o apóstolo contempla um novo céu e uma nova terra (Ap 21.1). O adjetivo grego kainós (novo), que aparece no texto, traz a ideia de novo com respeito à forma; fresco, recente, não usado. Nesse sentido, o novo céu é um lugar sem precedente, incomum e desconhecido. Isaías profetizou a criação de novos céus e nova terra (Is 65.17); o apóstolo Pedro confirmou essa esperança (2Pe 3.13). Esse lugar é o destino do cristão, um novo lar completamente redimido, sem qualquer semelhança com o mundo antigo, pois “eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21.5).
NOTA:
O termo
"kainós" em grego é escrito como "καινός".
"Kainós" é um
termo que se refere a algo novo em termos de qualidade, algo
inovador, fresco em seu desenvolvimento ou oportunidade. É usado para
descrever algo que é de uma natureza diferente e que é contrastado com o
antigo. Portanto, "kainós" pode ser traduzido como
"novo", "fresco" ou "inédito".
2. A linda cidade como nossa nova morada. No versículo 2 (Ap 21), o apóstolo João faz menção à descida da Cidade Santa e somente a partir do versículo 9 que ele começa a descrever a beleza dessa cidade. Por meio de passagens do Novo Testamento, a Nova Jerusalém pode ser descrita como a morada de Deus, a pátria dos salvos, lugar em que os santos habitarão (Hb 12.23; Gl 4.26; Fp 3.20). Assim, cremos e afirmamos que essa linda cidade será um lugar em que Deus e o Cordeiro são o seu templo; a glória de Deus a iluminará, e o Cordeiro será a sua lâmpada (Ap 21.22,23). Na Nova Jerusalém não haverá dor, tristeza ou sofrimento (Ap 21.4). Além disso, depois da ressureição (Ap 20.4), e quando todas as coisas forem consumadas, essa Jerusalém Celestial descerá do céu e ficará para sempre na nova terra. O apóstolo João descreve a Nova Jerusalém Celestial como o lugar de redimidos que habitam a gloriosa Cidade.
Portanto, para nós, a visão descrita
em Apocalipse 21 refere-se ao Céu como a eternidade, a Nova Jerusalém como a
Nova Cidade, o nosso novo lar criado sem pecado, onde a bem-aventurança eterna
será desfrutada pelos santos para todo o sempre.
SINOPSE II
A Nova
Jerusalém pode ser descrita como a morada de Deus, a pátria dos santos, lugar
em que os santos habitarão.
III. CÉU: O FIM DA JORNADA CRISTÃ
1. Estaremos onde Deus
está.
2. As lágrimas cessarão.
3. O Céu como repouso
eterno.
1. Estaremos onde Deus está. Em Apocalipse 21, há uma concretização da jornada cristã em que o crente estará onde Deus habita, conforme o nosso Senhor disse que viria e nos levaria para estarmos com o Pai (Jo 14.3). Nesse lugar, habitaremos com Deus em seu tabernáculo, pois nós seremos o seu povo e Ele o nosso Deus (Ap 21.3). Tudo isso se tornará realidade no futuro, quando nossa união com Deus se dará sem impedimento, cumprindo toda a expectativa tanto do Antigo quanto do Novo Testamentos (Lv 26.11-12; Ez 43.7; 2Co 6.16; Ap 7.15).
2. As lágrimas cessarão. Uma das mais gloriosas bênçãos que desfrutaremos no céu é a de que Deus enxugará de nossos olhos todas as lágrimas. Essas lágrimas simbolizam a tristeza, o sofrimento, as tragédias humanas e outros diversos males que não terão lugar nessa nova realidade de vida, pois todas as primeiras coisas são passadas (1Co 15.26,54; Is 61.3; 65.19).
Tudo isso
será possível porque haverá também uma transformação no mundo físico, de modo
que ele será inteiramente transformado e liberto da corrupção, como Paulo esclareceu a
respeito da redenção do mundo material (Rm 8.21).
3. O Céu como repouso eterno. A expressão “repouso” nada tem a ver com tédio, pois no Céu haverá constante atividades: adoração (Ap 19.1-8); serviço (Ap 22.3); ilimitada aprendizagem/vida normal com atividade (1Co 13.12). Trata-se de uma dimensão completamente distinta do que conhecemos atualmente. Por isso, quando afirmamos que o Céu será um lugar de repouso ou de descanso é pelo fato de que o crente descansará de suas fatigas, cansaço e exaustão presentes hoje (Ap 14.13); estaremos plenamente satisfeitos em comunhão uns com os outros e com o nosso Senhor (Mt 8.11; Ap 19.9). Esse lugar de repouso é o fim de nossa jornada cristã, é a experimentação da morada dos redimidos. Portanto, toda nossa vida cristã atual deve ser vivida com a mente voltada para a realidade eterna do Céu como verdadeira esperança (Cl 3.2).
SINOPSE III
O Céu é o
lugar de repouso do cristão e o fim de nossa carreira espiritual.
CONCLUSÃO
Para se
viver a esperança celestial é preciso nascer de novo, viver em Cristo e
transformar a mente. É preciso ter uma nova natureza (Jo 3.12). Sem isso, é
impossível crer nas coisas espirituais, pois estas só podem ser discernidas
espiritualmente (1Co 2.14). Portanto, prossigamos a nossa jornada para o Céu de
glória, o alvo de todo salvo em Cristo, conforme as regras divinas
estabelecidas na Palavra de Deus (1Co 9.24; 2Tm 4.8).
VERDADE PRÁTICA
O crente
deve viver a vida cristã com a mente voltada para o céu como sua legítima
esperança.