Introdução
As
tatuagens são comuns hoje, mas no contexto histórico e teológico
judaico-cristão, elas eram vistas de forma diferente. Este artigo
explora as razões pelas quais tatuagens eram geralmente evitadas entre os
judeus e cristãos antigos, analisando as leis bíblicas e suas implicações
culturais e religiosas.
Leis do Levítico
Uma das principais razões para a aversão às tatuagens no
judaísmo encontra-se em Levítico
19:28, que diz: "Não
fareis cortes no corpo pelos mortos, nem fareis marcas sobre vós. Eu sou o
Senhor." Essa lei fazia parte de um
conjunto mais amplo de preceitos que visavam diferenciar os israelitas das
práticas pagãs. Os
povos ao redor de Israel frequentemente faziam cortes e marcas no corpo como
parte de rituais religiosos e fúnebres, e a proibição visava evitar essas
associações.
Na passagem de 1 Reis 18:28-29 (versão ARC) os profetas de
Baal se retalhavam durante o desafio com o profeta Elias:
1 Reis 18:28-29: "28 E eles clamavam em altas vozes e se retalhavam, segundo o seu costume, com facas e com lancetas, até derramarem sangue sobre si. 29 E sucedeu que, passando o meio-dia, profetizaram eles até ao tempo de se oferecer a oferta de manjares; porém não houve voz, nem resposta, nem atenção alguma."
Pureza
Cerimonial
No judaísmo e cristianismo o corpo é santo, e no cristianismo
é visto como templo do Espírito Santo. Em 1 Coríntios 6:19-20, Paulo escreve: "Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito
Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?
Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo,
e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus."
Modificações
corporais, como tatuagens, poderiam ser vistas como uma forma de desfiguração
do corpo, comprometendo sua pureza e integridade.
Associação com Práticas Pagãs
Tatuagens
eram comuns entre os povos pagãos, que usavam marcas corporais para diversos
fins religiosos e culturais. Ao evitar
tatuagens, os israelitas e primeiros cristãos buscavam se distinguir dessas
práticas pagãs, mantendo-se fiéis às suas tradições e mandamentos divinos.
Essa distinção era crucial para preservar a identidade e santidade do povo
escolhido por Deus.
Jesus tinha tatuagem?
E na
veste e na sua coxa tem escrito este nome: Rei dos Reis e Senhor dos
Senhores. (Ap. 19, 6).
A insígnia "Rei dos Reis e Senhor dos Senhores"
simboliza sua soberania absoluta sobre todos os governantes e poderes.
“...Rei dos reis, e Senhor dos senhores”.
Apenas dois monarcas na história bíblica tiveram um título
como este: Nabucodonosor e Artaxerxes.
“Artaxerxes, rei dos reis,
ao sacerdote Esdras, escriba da Lei do Deus do céu, paz perfeita!” (Ed 7.12).
“Tu, ó rei, és rei de reis,
pois o Deus dos céus te tem dado o reino, e o poder, e a força, e a majestade.”
(Dn 2.37a).
O
emblema expressivo do cavaleiro tinha caracteres tanto na sua “veste” como na
sua “coxa”. Era costume entre os gregos um famoso guerreiro trazer sobre sua
coxa o título a que tinha direito.
Segundo Heródoto a "estátua de Sesóstris, Faraó Lendário", tinha na largura do peito, de ombro a ombro uma inscrição com os caracteres sagrados do Egito, onde se lia: “Com meus próprios ombros conquistei esta terra”.
E segundo Cícero, havia “uma bela estátua de Apolo, em cuja coxa estava o nome de Miro, em minúsculas letras de prata”.
Esta faixa na veste e coxa de Cristo tem relação com sua vitória no vale do Armagedom.
Este versículo de Apocalipse 19:16 retrata uma visão poderosa de Jesus como o supremo rei e senhor. A insígnia "Rei dos Reis e Senhor dos Senhores" simboliza sua soberania absoluta sobre todos os governantes e poderes.
A inscrição na "veste e na coxa" de Jesus pode ter várias interpretações simbólicas.
A coxa,
como a parte do corpo onde a espada é tradicionalmente cingida, simboliza
autoridade e poder, por isso a insígnia está ali.
A insígnia está tanto na veste quanto na coxa, representando sua totalidade de poder e realeza.
Era tatuada ou uma faixa?
A
passagem não especifica de forma literal se era tatuada, e é mais provável que
seja uma imagem simbólica. João viu uma coisa que para ele era familiar
culturalmente.
Não há
indicação direta de que esta inscrição fosse uma tatuagem, já que
tatuagens, no contexto judaico-cristão, eram geralmente evitadas.
É
possível que o texto esteja enfatizando a visibilidade e clareza do título de
Jesus, como um sinal evidente de sua autoridade.
Culturalmente,
o uso de insígnias e títulos para marcar autoridade era comum em várias
civilizações antigas, e isso pode ter influenciado a linguagem simbólica
usada no Apocalipse.
Essas visões apocalípticas são ricas em simbolismo e muitas
vezes não se destinam a serem entendidas literalmente, mas sim espiritualmente.
Conclusão
A aversão a tatuagens no contexto judaico-cristão antigo
estava enraizada em razões religiosas e culturais. As leis de Levítico, a
ênfase na pureza corporal e a necessidade de se distinguir das práticas pagãs
moldaram a visão negativa sobre tatuagens. Hoje, essas perspectivas podem
variar, mas entender o contexto histórico e teológico nos ajuda a apreciar a
complexidade das tradições e crenças antigas.