O Estoicismo é uma corrente filosófica que se originou na
cidade grega de Atenas por volta do ano 300 a.C. Seu fundador foi Zenão de
Cítio, um estrangeiro natural de Cítio (atual Lárnaca, na ilha de Chipre).
O termo "Estoicismo" vem da palavra grega "stoá",
que significa pórtico, referindo-se ao local onde Zenão se reunia com
seus discípulos.
O Estoicismo na Bíblia
A bíblia faz uma citação rápida sobre o estoicismo em Atos 17, 18, mas sem nenhuma
intenção de explicar o conceito nem muito menos a doutrina; isso é o que faremos
nesse artigo.
O desenvolvimento do Estoicismo pode ser dividido em três fases:
1. Estoicismo Antigo (stoá antiga): Este período foi mais focado na doutrina ética. Os principais representantes foram Zenão de Cítio, Cleantes de Assos e Crisipo de Soli.
2. Estoicismo Helenístico Romano (stoá média): Este
foi um período mais eclético, com destaque para os filósofos Panécio de
Rodes, Posidônio de Apameia e Cícero.
3. Estoicismo Imperial Romano (stoá nova): Este
período tinha um cunho mais religioso, sendo seus principais representantes os
filósofos Sêneca, Epicteto e Marco Aurélio.
A crença estoica
Os estoicos acreditavam que tudo o que existe estava sob
a determinação de uma força cósmica harmônica (chamada logos) e que a
virtude estaria em viver em acordo com o seu desígnio.
Vale lembrar que o logos do estoicismo não é o mesmo Logos do cristianismo apresentado por João.
Os estoicos viam a filosofia como prática e não como uma
atividade meramente intelectual e não se deixavam levar por sentimentos e
desejos fúteis e evitavam que excessos fossem cometidos e coisas supérfluas
fossem valorizadas.
Zenão de Cítio vem da escola cínica e era proponente ferrenho do desapego a bens materiais, ensinando um estilo de vida simples e conformado, principalmente com coisas que estão além do nosso controle, como a morte, por exemplo.
Os três pilares do estoicismo
O estoicismo tenta entender a ordem cósmica natural das
coisas e procura viver de acordo com essa ordem.
Essa ordem possui três pilares:
1. A Phisis/Física: A Phisis é a realidade, é tudo o que existe, é o Cosmos. Os estoicos acreditavam que o universo é governado por uma razão divina, o Logos. Eles viam o mundo como um organismo unificado e interconectado, onde tudo o que acontece é resultado da lógica divina. Dessa premissa surgem muitos conceitos filosóficos.
2. Logos/Lógica: O Logos é a inteligência dessa realidade/Phisis. O estoicismo aceita duas realidades: o Macrocosmos e o Microcosmos. O Macrocosmos é a Phisis, é a realidade, enquanto o microcosmos sou eu você. E o Logos está presente nessas duas realidades, por isso eu sou capaz de entender o cosmos.
3. Ética: A ética estoica é talvez a mais conhecida das suas doutrinas. Para o estoicista a ética é viver de acordo com as leis universais que regem o cosmos.
Os estoicos acreditavam que a virtude é o único bem e em
consiste em nos esforçarmos para viver de acordo com a natureza/leis universais,
aceitando tudo o que acontece conosco com equilíbrio e imparcialidade.
Esses três pilares estão interligados.
A física fornece a visão de mundo dos estoicos, a lógica fornece as ferramentas para entender esse mundo, e a ética fornece um guia para como viver nesse mundo. Vivendo conforme esses três pilares um estoico alcança a felicidade e um estado de vida plena.
O que o estoicismo defende?
O estoicismo defende uma aceitação do mundo como ele é,
principalmente em relação às coisas que não podemos mudar.
Essa aceitação não é comodismo, mas a compreensão de como as coisas funcionam. Você não pode se livrar da morte, mas pode viver bem até que ela inevitavelmente chegue. A resignação é uma característica forte no estoicismo, como é também no cristianismo.
O estoico resigna-se submetendo-se às leis que regem o cosmos enquanto o cristão faz o mesmo em relação ao seu Deus e sua vontade, mesmo que não concorde com a situação imposta.
O Estoicismo e o Cristianismo
O Estoicismo e o Cristianismo têm alguns pontos em comum,
embora sejam sistemas de pensamento distintos. Aqui estão alguns pontos de
convergência:
1. Ética e Virtude: Ambos são posturas éticas que buscam definir e defender a felicidade. No Estoicismo, a "virtude" depende da vontade subordinada à razão, sendo considerada a base para se atingir a felicidade. No Cristianismo, a virtude é vista como um caminho para a salvação e a vida eterna.
3. Aceitação do Destino: Tanto o Estoicismo quanto o Cristianismo enfatizam a aceitação do destino ou da vontade de Deus.
4. Influência Histórica: Ambos surgiram na Idade Antiga e tiveram um impacto significativo na formação da cultura e do pensamento ocidental.
No entanto, é importante notar que, apesar dessas semelhanças, o Estoicismo e o Cristianismo têm diferenças fundamentais em termos de teologia, cosmologia e visão de mundo.