Nesta lição vamos falar sobre a importância da organização eclesiástica, diferenciando-a do institucionalismo e legalismo.
A Igreja Primitiva tinha uma
estrutura organizacional simples e ainda em desenvolvimento, mas era visível e
eficaz.
A lição tem 3 objetivos:
I) Aprofundar o entendimento acerca da Igreja, enquanto Corpo de
Cristo, como um organismo ordenado;
II) Compreender, por meio do exemplo da Igreja Primitiva, a necessidade
de organização para uma igreja viva e saudável;
III) Aprender sobre as principais formas de governo da Igreja, segundo a
tradição cristã, e a escolha do modelo de nossa igreja.
Toda organização humana necessita
de ordem, organização e estrutura.
Embora, nenhuma liturgia ou forma
de governo humano seja perfeita, a liturgia é necessária para o bem comum, para
o desenvolvimento e boa convivência mútua de um grupo.
Apesar de ser uma organização a
Igreja foi idealizada como um organismo vivo capaz de sobreviver em qualquer
situação, com ou sem o auxílio de uma organização
eclesiástica. (Pastor Luiz Antonio Me.)
A doutrina e liturgia eclesiásticas, não devem ser confundidas com institucionalismo
ou legalismo.
No Antigo Testamento podemos
perceber a organização e os ritos necessários para a devida adoração e
santificação.
No Novo Testamento, também
percebemos a importância da organização na Igreja Primitiva.
O institucionalismo
eclesiástico é uma forma de entender e organizar a igreja que enfatiza a sua estrutura, hierarquia,
normas e rituais. É o contraste entre a igreja como um organismo vivo e a
igreja como uma organização humana. O institucionalismo eclesiástico pode ter
vantagens e desvantagens, dependendo da perspectiva teológica e histórica que
se adota.
O institucionalismo eclesiástico pode ser visto como uma forma de
preservar e transmitir a fé cristã ao longo dos séculos, mas também pode ser criticado por engessar
e burocratizar a igreja, afastando-a da sua essência e missão.
Legalismo
O legalismo cristão é a atitude de
tentar obter a salvação ou a aprovação de Deus por meio do cumprimento de
regras ou leis humanas, em vez de confiar na graça divina oferecida por meio de
Jesus Cristo.
O legalismo cristão nega o valor da
fé e da obra de Cristo na cruz, e coloca o homem como juiz de si mesmo e dos
outros (Ex: A mulher adultera). O legalismo cristão é condenado pela Bíblia,
que ensina que somos salvos pela graça, mediante a fé, e não pelas obras
(Efésios 2:8-9).
Alguns exemplos de legalismo
cristão na Bíblia são os fariseus, que se orgulhavam de sua observância
rigorosa da lei e das tradições, mas negligenciavam o amor a Deus e ao próximo
(Lucas 18:11-14; Mateus 12:9-12); e os judaizantes, que queriam impor aos
cristãos gentios a necessidade de se circuncidarem e seguirem os costumes
judaicos, como condição para serem salvos (Gálatas 4:8-9; Atos 15:1-29).
O legalismo cristão pode ter uma
aparência de piedade, mas é destrutivo para a vida espiritual, pois gera
orgulho, hipocrisia, legalidade, intolerância e escravidão.
O legalismo cristão também impede o
relacionamento pessoal e sincero com Deus, que se baseia na graça e no amor, e
não no medo e na culpa. Por isso, devemos evitar o legalismo cristão e viver na
liberdade que Cristo nos deu (Gálatas 5:1).
Nesta lição, vamos conhecer a Igreja como um organismo e uma organização. Não existe organismo sem organização.
Palavras-Chave: ORGANIZAÇÃO E ORGANISMO
TÓPICO I. A ESTRUTURA
DA IGREJA CRISTÃ
1.
A
Igreja como organismo. Um organismo é visto como um conjunto de órgãos
que constituem um ser vivo. Nesse aspecto, um corpo com as diferentes funções
de seus órgãos e membros é entendido como estrutura física de um organismo
vivo. Metaforicamente, a Igreja é
definida como “o corpo de Cristo” (1Co 12.27), um organismo vivo, cuja
cabeça é Cristo (Ef 5.23). Assim como um corpo funciona pela harmonia de seus
membros, da mesma forma também a Igreja (1Co 12.12). Os membros não existem independentemente um dos outros (1Co 12.21).
Portanto, como Corpo Místico de Cristo, a Igreja existe organicamente.
Como organismo ela existe universalmente independente de
templos, organização ou reuniões. (Pastor Luiz Antonio Me).
2. A Igreja como organização. A forma de organização da Igreja
Primitiva era simples, todavia, existia. Por exemplo, a igreja seguia a
liderança centralizada dos apóstolos (At 16.4). Dessa forma, os apóstolos
doutrinavam a igreja (At 2.42); cuidavam da parte administrativa (At 4.37); instituíam
lideranças locais (At 6.6; At 14.23); reuniam-se em Concílio (At 15.1-6). Por
outro lado, precisamos diferenciar uma igreja organizada de uma igreja
institucionalizada. A organização é saudável, o institucionalismo, não. A
organização permite à igreja, como estrutura social, se movimentar; o
institucionalismo a enrijece e a neutraliza. Uma igreja organizada se mantém
viva; uma igreja institucionalizada caminha para a morte.
3. Organismo e organização. Vimos que a Igreja como o Corpo de
Cristo é um organismo vivo e uma organização. Ela existe como organismo e como
organização. Nesse aspecto, podemos dizer que não há organismo sem organização.
Todo organismo precisa de organização, mesmo as estruturas mais simples. Alguns
acreditam que a Igreja existe somente na forma de organismo e rejeitam toda
forma de organização para ela. (desigrejados).
Desigrejados, termo muito errado do ponto de vista teológico.
O nome certo é Cristão sem denominação. Se
aceitou Jesus é Igreja, faz parte do corpo de Cristo. Igreja não é templo, não é construção, igreja é gente. No céu não vai ter
templo, mas vai ter igreja.
TÓPICO II. IGREJA: UM ORGANISMO VIVO E ORGANIZADO
1. No seu aspecto local. No contexto do Novo Testamento, a
Igreja existe localmente como comunidade organizada. Dessa forma, havia a
igreja que estava em Roma, Corinto, Éfeso etc. Como um organismo vivo, a igreja
do Novo Testamento era organizada. Por exemplo, ela se reunia (At 2.42) e orava
(At 2.42; 12.12). Contudo, enxergava as demandas sociais que precisavam ser
atendidas (At 4.35); instituiu o diaconato (At 6.2-6); elegeu lideranças (At
14.23); enviou seus primeiros missionários (At 13.1-4). Todos esses fatos
mostram um organismo vivo agindo de forma organizada.
2. No seu aspecto litúrgico e ritual. Toda igreja organizada possui sua liturgia e rituais. A organização, portanto, é necessária para uma igreja viva. Uma igreja organizada, por exemplo, mantém a decência e a ordem no culto (1Co 14.40). Estabelece costumes que devem ser observados (1Co 11.16). Da mesma forma, em relação ao aspecto ritual. Nesse sentido, vemos a Igreja Primitiva batizando os primeiros crentes em águas (At 8.38,39) e realizando a Ceia do Senhor (1Co 11.23).
TÓPICO III. O GOVERNO DA IGREJA NAS DIFERENTES TRADIÇÕES CRISTÃS
1. Episcopal. Essa palavra traduz o grego “episkopos” e aparece algumas vezes no Novo Testamento (At
20.28; 1Tm 3.2; Tt 1.7). No contexto atual, o episcopalismo defende que Cristo
confiou o governo da igreja a uma categoria de oficiais denominados de “bispos”
ou “supervisores”. Com o tempo, esse sistema passou a defender a primazia de um
bispo sobre o outros e terminou culminando no papado romano. Esse modelo é
seguido pelo Catolicismo, por algumas denominações protestantes e pentecostais.
2. Presbiteral. O ofício de presbítero (gr. presbyteros) é encontrado no
Novo Testamento (At 11.30; At 15.2). No sistema presbiteral a igreja elege os
presbíteros para um Conselho. Dessa forma, o Conselho possui autoridade para
conduzir a igreja local. Há um supremo Concílio ou Assembleia Geral que exerce
autoridade sobre as igrejas de uma determinada região ou país. É o sistema
seguido pelas igrejas reformadas e algumas igrejas pentecostais na América do
Norte.
3. Congregacional. A prática de eleger os dirigentes da igreja local no contexto do Novo Testamento é vista em Atos 14.23. Nesse sistema, o pastor é eleito pela Assembleia Geral da igreja local. Assim, as igrejas locais são autônomas nas suas tomadas de decisões, não estando sujeitas a nenhuma interferência que venha de fora. É o modelo seguido pelos batistas.
4. O sistema de governo de nossa igreja. No contexto norte-americano, as Assembleias de Deus se aproximam mais do modelo de governo presbiteral. Por outro lado, no contexto brasileiro, nossa igreja reúne elementos dos sistemas episcopal e congregacional. É, portanto, um modelo híbrido. Isso porque até o início dos anos 1930, a Assembleia de Deus, por ter sido fundada por batistas, seguia o modelo congregacional. Contudo, esse sistema de governo sofreu modificações a partir da criação da Convenção Geral de 1930, quando elementos do modelo episcopal foram somados a sua estrutura de governo. Assim, no atual modelo de governo, em sua grande maioria, embora mantenham certa autonomia administrativa em relação as convenções Geral e Estadual, a quem são filiadas, as igrejas possuem um modelo de liderança regional e local centralizado. Por exemplo, a autoridade de estabelecer lideranças pastorais nas igrejas locais pertence às Convenções Estaduais. Em alguns casos, essa função cabe a uma igreja sede que preside sobre um conjunto de congregações locais a ela filiadas.
CONCLUSÃO
Nesta lição, fizemos uma
análise da Igreja como organismo e organização. O que ficou claro é que as
Escrituras destacam a Igreja como um organismo vivo e organizado. Nesse
aspecto, juntamente com os presbíteros e diáconos, o colégio apostólico dava
corpo e forma ao ministério local da igreja neotestamentária. Embora essa
igreja possuísse uma estrutura organizacional muito simples, contudo, ela
existia. Por outro lado, embora não haja nenhuma norma específica de como deve
ser o governo da igreja no Novo Testamento, ao longo dos anos os cristãos têm
procurado se inspirar no texto bíblico para regulamentar seus ministros e
ministérios.