Nesta lição, estudaremos o símbolo da porta estreita e da larga, do caminho apertado e do espaçoso. Nosso propósito é pontuar algumas razões que nos mostram porque devemos escolher a porta estreita e, do ponto de vista bíblico, como entrar pelo caminho apertado. Veremos que o início da nossa jornada deve levar em conta o caminho que nos conduz ao Céu.
Palavra-Chave: PORTA
Para nos ajudar no entendimento dessa lição usaremos 10 palavras, sendo 5 gregas, 3 inglesas e 4 hebraicas.
θλιβω thlíbō, Μετανοεῖτε
Metanoeíte, Καβγαδίζω kavgadízo, Τσακώνομαι
tsakónomai, Ἀγωνίζεσθε Agonízesthe.
Strait gate, wide gate, repente.
Deleth, sha-ar, petach, shuvu.
TEXTO ÁUREO
“Porfiai por entrar
pela porta estreita, porque eu vos digo que muitos procurarão entrar e não
poderão.” (Lc 13.24).
Ἀγωνίζεσθε – Agonízesthe - Continue lutando
O que significa porfiai no grego?
A palavra “porfiai” em grego é traduzida de Ἀγωνίζεσθε Agonízesthe
que significa “continue lutando”. Mas existem outras palavras como καβγαδίζω” kavgadízo,
τσακώνομαι” tsakónomai com o mesmo sentido: briga, disputa, labuta, luta,
competição, desafio.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Mateus 7.13,14; 3.1-10.
Mateus
7
13 — Entrai pela porta estreita,
porque larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz à perdição, e muitos
são os que entram por ela;
14 — E porque estreita é a
porta, e apertado, o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem.
Mateus
3
1 — E, naqueles dias, apareceu João Batista pregando no
deserto da Judeia
2 — e dizendo:
Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus.
3 — Porque este é o anunciado pelo profeta Isaías, que
disse: Voz do que clama no deserto: Preparai o
caminho do Senhor, endireitai as suas veredas.
4 — E este João tinha a sua veste de
pelos de camelo e um cinto de couro em torno de seus lombos e alimentava-se de
gafanhotos e de mel silvestre.
5 — Então, ia ter com ele Jerusalém, e toda a Judeia, e toda
a província adjacente ao Jordão;
6 — e eram por ele batizados no
rio Jordão, confessando os seus pecados.
7 — E, vendo ele muitos dos fariseus e dos saduceus que
vinham ao seu batismo, dizia-lhes: Raça de víboras,
quem vos ensinou a fugir da ira futura?
8 — Produzi, pois, frutos dignos
de arrependimento
9 — e não presumais de vós
mesmos, dizendo: Temos por pai a Abraão; porque eu vos digo que mesmo destas
pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão.
10 — E também, agora, está posto o machado à raiz das
árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada no
fogo.
INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos a analogia
da “porta estreita” e da “porta larga”, mencionada pelo Senhor.
Veremos que nosso Senhor teve a pretensão de mostrar aos pecadores o caminho
para a salvação. Para compreendermos melhor a soteriologia
de Cristo, responderemos às seguintes questões:
o que significa a analogia de Jesus com à “porta estreita” e
ao “caminho apertado”? Por que devemos escolher a porta estreita?
De que maneira o pecador pode entrar pela porta que o leva
para o Céu?
E, por fim, aprenderemos que a
consistência da vida cristã tem por base o
arrependimento, a confissão de pecados e a experiência do perdão.
NOTA:
Sem arrependimento não se inicia a vida em Cristo.
Sem confissão de pecados não se percebe arrependimento.
Sem arrependimento e confissão não se vive a experiência do
perdão.
B) Motivação: As figuras da “porta
estreita” e do “caminho apertado” leva os crentes à reflexão a respeito de se
estão, de fato, se portando de maneira digna a entrar na eternidade com
Deus.
NOTA: pra eternidade nós vamos
de qualquer forma, a questão é: “onde passaremos a eternidade”.
I.
PORTAS E CAMINHOS
1. A
porta estreita.
2. O
caminho apertado.
3.
Porta larga e caminho espaçoso.
1. A porta estreita. A ideia de uma “porta estreita” como caminho para a vida está presente tanto na literatura judaica quanto na cristã. Por exemplo, essa concepção é encontrada no Antigo Testamento (Pv 15.24) “24Para o sábio, o caminho da vida é para cima, para que ele se desvie do inferno que está embaixo”. Sabemos que a porta é uma entrada existente em um edifício ou o muro de uma cidade, algo muito comum nos tempos antigos, em que a cidade era toda murada e, ao redor de todo o edifício, havia uma porta estreita. Era por meio dessa porta que todos entravam e saíam da cidade.
2. O caminho apertado.
Quando falamos de caminho apertado, apontamos para a
conduta, a maneira de viver que evidencia salvação ou perdição. Nesse
sentido, a linguagem figurada do “caminho apertado”, conforme Mateus 7, aponta para os que desejam a vida
eterna. Não por acaso, a palavra “apertado”
vem do verbo grego θλιβω thlíbō.
θλιβω thlíbō/ filivô
1) prensar (como uvas),
espremer, pressionar com firmeza
2) caminho apertado, comprimido,
estreitado, contraído
3) metáf. aborrecer, afligir,
angustiar
Assim, o caminho apertado é o que nos leva a praticar os
ensinamentos de Jesus de modo bem concreto: amar os inimigos, não praticar a
hipocrisia, acumular tesouros no céu dentre outros princípios celestiais
ensinados no Sermão do Monte (Mt 5.39,48).
3. Porta larga e caminho
espaçoso. A porta larga e o caminho espaçoso simbolizam uma vida sem compromisso com Cristo, segundo o padrão do Mundo.
Essa porta recebe muitas pessoas que expressam crenças
e valores segundo a sua vã maneira de viver. Um caminho que tem seduzido
muitos por meio da busca irrefreada do prazer e das ideias que negam a Bíblia como nossa única regra de fé e conduta.
Tratam-se, pois, de uma porta e de um caminho em que entram pessoas que vivem
segundo suas próprias ideias (Jz 21.25) e que não desejam ajustar-se aos
ensinos das Escrituras Sagradas (Jo 7.38).
SINOPSE I
A porta estreita e o caminho apertado representam uma vida
de compromisso com Cristo.
AMPLIANDO O CONHECIMENTO
“PORTAS DA CIDADE”
No mundo antigo, as portas
desempenhavam um papel crítico nas defesas de uma cidade. As portas
geralmente eram o ponto mais fraco nos muros de uma cidade e, portanto, muitas
vezes o ponto de ataque dos exércitos sitiantes. Para uma cidade ser forte, não
bastavam muros maciços; tinha de ter portas fortes.
As portas da cidade também eram o local dos tribunais
judiciais, bem como o local onde os impostos eram recolhidos. Jeremias 38.7
indica que o rei realizou a corte em uma das portas de Jerusalém. Quando os
profetas do AT atacam a injustiça, eles frequentemente se referem às portas da
cidade como lugar de justiça (Am 5.15).”
II.
POR QUE ENTRAR PELA PORTA ESTREITA É DIFÍCIL
1. Uma porta aberta, porém, difícil.
2. As oportunidades da porta larga são atraentes.
3. As razões das exigências.
1. Uma porta aberta, porém,
difícil. A porta para a entrada na pátria celestial está aberta.
Porém, há muitos impedimentos para que a alma humana a atravesse: o egoísmo, o
ego inflado, a idolatria, dentre outros. Contudo, nosso Senhor ensinou que para
tomar o caminho do céu é preciso negar a si mesmo, deixar morrer o que somos
para viver a vida com Ele a fim de que resulte uma glória progressiva e
indizível (Mt 16.24; Rm 6.6; Gl 5.24).
2. As oportunidades da porta
larga são atraentes. Para muitos, o caminho da porta estreita não é
atraente, pois a porta larga oferece uma jornada de prazeres, deleites e
libertinagem. Entretanto, os que andam nesse caminho são dominados pelas
ilusões da vida, enredando-se numa sedutora fantasia. É um caminho de apego
prazeroso ao mundo e de desprezo a Deus (1Jo 2.15,16). Tragicamente,
todos os que amam o mundo não terão direito a entrar nos céus (1Co 6.9,10; Gl
5.19-21). Por isso, o cristão comprometido com o Evangelho de Cristo
sabe que “O mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade
de Deus permanece para sempre” (1Jo 2.17).
3. As razões das exigências.
Diferentemente da porta larga e do caminho espaçoso, a
porta estreita e o caminho apertado requerem uma transformação interior,
uma decisão pessoal e uma disposição em seguir na
contramão da maioria. Só começa a trilhar pelo
caminho da porta estreita quem se reconhece em Cristo como um pecador
(2Co 12.9) e com disposição de viver uma vida dirigida
por Ele como um novo começo (2Co 5.17). A partir dessa jornada, o
Evangelho nos faz caminhar em santidade, seguir os passos de Cristo e andar
como Ele andou (1Jo 2.6). Então, estaremos prontos para criar raízes e
enfrentar os obstáculos de nossa jornada cristã (Lc 8.13,14).
SINOPSE II
Seguir pelo caminho apertado requer uma disposição em seguir
na contramão da maioria.
AUXÍLIO BIBLIOLÓGICO
“Porta. Uma palavra mencionada muitas vezes na Bíblia
Sagrada. Na versão KJV em inglês, é a tradução de sete
palavras hebraicas e uma grega.
13 Enter ye in at the strait gate:
for wide is the gate, and broad is the
way, that leadeth to destruction, and many there be which go in thereat:
14 Because strait is the gate,
and narrow is the way, which leadeth unto
life, and few there be that find it. (Matheus 7, 13
14)
Os dois termos hebraicos frequentemente usados são: deleth, referindo-se à própria
porta, e petach, uma porta de entrada.
דלת (pronuncia-se: de-leth)
שער (pronuncia-se: sha-ar)
פתח (pronuncia-se: pe-tach)
דלת deleth
Porta, portão
Metaforicamente refere-se às portas dos céus
שער sha ̀ar
1) porta - porta (de entrada)
1b) porta (referindo-se ao espaço interno da porta)
1c) porta (de palácio, castelo real, templo, átrio do
tabernáculo)
תרע t ̂era ̀ (aramaico)
1) portão, porta
1a) porta
1b) portão
1c) átrio
A palavra ‘porta’ é utilizada tanto no sentido literal como
de modo figurativo.
Uso literal (por exemplo, Gn 19.6,9; 2Rs 9.10). As portas
comuns eram feitas de madeira, mas às vezes eram feitas de espessos pedaços de
pedra, tanto para casas como para tumbas. Cadeados de madeira, latão, ou ferro
eram usados (Jz 3.24,25). Nas tendas as portas eram aberturas cobertas por uma
aba (Gn 18.1,2).
Uso figurativo. Provavelmente, o uso mais frequente de porta de modo figurativo seja como
símbolo de oportunidade, especialmente para o testemunho e o serviço
cristão (por exemplo, 1Co 16.9; 2Co 2.12; Cl 4.3; Ap 3.8). O termo porta é
também usado para representar o caminho pelo qual uma pessoa entra em algum
lugar. O próprio Cristo é a porta pela qual o ser
humano alcança a salvação (Jo 10.9; cf. At 14.27; Os 2.15). Aquele que
está próximo é considerado como ‘estando à porta’ (Mt 24.33; Tg 5.9; Ap 3.20;
Gn 4.7).”
III. ENTRANDO PELA PORTA E PELO
CAMINHO DO CÉU
1. Arrependimento de pecados.
2. Confissão de pecados.
3. Produzindo frutos de
arrependimento.
1. Arrependimento de pecados.
Por meio das palavras do arauto divino, João
Batista (Mt
3.1-10), a mensagem pregada por ele para entrar no Reino de Deus é o Arrependimento. João é uma voz que ecoa entre a
Antiga e a Nova Alianças, confirmando as palavras dos profetas do Antigo
Testamento, pois sua mensagem de arrependimento era a mesma pregada por Isaías
e Jeremias (Is 1.16,15; 55.7; Jr 73.7). Por essa
razão, é importante ponderar que o arrependimento
bíblico não
é uma questão meramente emocional, mas uma
disposição para mudar de ideia e um exercício que envolve o aspecto mental e
moral do pecador. Por meio da pregação e da aceitação do Evangelho,
mediante a ação regeneradora do Espírito Santo, o pecador renuncia ao pecado,
reorienta a vida e firma uma resolução de deixar o caminho espaçoso para tomar
o caminho que conduz para a vida eterna.
NOTA:
Arrependimento bíblico
Em Mateus 3,2 aparece o inglês Repent na KJV
o grego
Metanoeíte -
Μετανοεῖτε
o hebraico
שׁוּבוּ – SHUVU –
voltar – arrepender-se
2. Confissão de pecados.
O ministério de João Batista foi impactante, de modo que iam ter com ele toda
Judeia e a província do Jordão (Mt 3.5). Os que iam
até João confessavam os seus pecados para serem batizados. Ora, a
Bíblia diz que todos pecaram e separados estão da glória de Deus (Rm 3.23). Sem que o homem reconheça que é pecador, jamais compreenderá
que precisa de um Salvador. Nesse aspecto, a confissão pessoal dos
pecados é uma perspectiva nova que aparece com o ministério de João Batista. Em Israel, a confissão era nacional e se dava em dia especial
como no Dia da Expiação (Nm 5.7). Por meio do modelo de vida de João
Batista, a confissão de pecados passou a fazer parte da
tradição cristã. Desse modo, a pessoa confessa os seus pecados (Sl 32.5)
e afirma que crê em Deus Poderoso e Salvador (Rm 10.9,10). Assim, quando o
homem reconhece em confissão que é um pecador, ele recebe o perdão de seus
pecados (Pv 28.13; 1Jo 1.7).
3. Produzindo frutos de
arrependimento. Para João Batista, o batismo e a confissão somente
não seriam as provas verdadeiras da mudança de vida. Era
preciso apresentar frutos na vida como a marca de um arrependimento sincero.
Em Lucas, podemos contemplar frutos concretos que João Batista esperava de quem
se arrependesse: honestidade, misericórdia, respeito às
autoridades, dentre outros (Lc 3.11-14). Isso era a prova de que a
natureza da pessoa havia sido verdadeiramente transformada. Portanto, uma
pessoa que teve um encontro verdadeiro com Jesus produzirá frutos dignos de
arrependimento, uma nova forma de pensar e agir, um novo estilo de vida (Mt
3.2; 21.29; Mc 1.15).
SINOPSE III
O verdadeiro encontro com Jesus produz no crente frutos
dignos de arrependimento.
VERDADE PRÁTICA
A porta estreita não é uma opção, mas a única alternativa
disponível para o crente entrar no Céu.
CONCLUSÃO
No momento que inicia sua jornada com Cristo, o cristão deve
ter a consciência de que escolheu o caminho estreito e a porta apertada para
trilhar o caminho do céu. Isso significa que precisamos renunciar ao eu, nossos
pensamentos e desejos, para que Cristo apareça (2Co 5.17). Isso só é possível
por meio de um verdadeiro arrependimento, confissão de pecados e a experiência
do perdão.