1- INTRODUÇÃO
Na lição de hoje vamos mostrar a natureza organizacional da Igreja. Ela é, ao mesmo tempo, um organismo vivo e uma organização constituída de múltiplos ministérios para atender a causa do Reino de Deus. A Bíblia apresenta a Igreja como corpo espiritual de Cristo, um organismo vivo com suas reuniões em nome do Senhor Jesus e suas ordenanças.
NOTA: A Igreja é chamada de “organismo vivo” porque está viva e ativa, movida pelo Espírito Santo, e cada membro (ou crente) está vivo e desempenha um papel vital nesse corpo.
Objetivos da Lição:
I) Analisar a atuação pastoral de Tito na Ilha de Creta;
II) Reconhecer a institucionalidade bíblica da Igreja;
III) Relacionar
a Natureza Organizacional da Igreja com a realidade atual a partir do texto
bíblico.
Palavra-Chave: Organização
TEXTO ÁUREO
“Por esta causa te deixei em
Creta, para que
pusesses em boa ordem as coisas que ainda restam e, de cidade em cidade, estabelecesses presbíteros,
como já te mandei.” (Tt 1.5)
NOTA: Os presbíteros da
igreja primitiva desempenhavam um papel fundamental na liderança e organização
das primeiras comunidades cristãs.
Quem eram os presbíteros?
Os presbíteros, também conhecidos como anciãos, eram
líderes espirituais e administrativos das igrejas locais. Eles eram responsáveis por
ensinar, pastorear e supervisionar a congregação. A palavra "presbítero" vem
do grego "πρεσβύτερος" (presbyteros/ presvýteros), que significa "ancião"
ou "homem velho", está no campo semântico de
"πρέσβυς" (presbys), significando "homem velho", mas significa também
“Embaixador. A
palavra "πρέσβυς" também está relacionada a "πρῶτος"
(prōtos), que significa "primeiro" ou "mais velho".
Como eram escolhidos?
“...de cidade em cidade, estabelecesses presbíteros, como já te mandei.” (Tt 1.5)
Na passagem de Tito 1:5, a
palavra grega usada para "estabelecesses" é "καταστήσῃς"
(kathistēsēs). Esta palavra é derivada de "καθίστημι" (kathistēmi),
que significa "designar", "nomear" ou
"constituir".
Os presbíteros eram geralmente
escolhidos pelos Apóstolos ou por líderes de confiança designados por eles como
vemos no texto áureo. Não há relatos
bíblicos ou extrabíblicos do primeiro século que sugiram que os membros da
igreja escolhiam seus próprios presbíteros. A
escolha era feita através de oração
e jejum, e os
escolhidos eram consagrados ao Senhor. Um versículo que mostra a
escolha dos presbíteros através de oração e jejum é Atos 14:23: “E, havendo-lhes, por comum
consentimento, eleito presbíteros em cada igreja e orado, com jejum, os
encomendaram ao Senhor em quem haviam crido.” (Atos 14:23)
Esse versículo mostra como Paulo e Barnabé elegeram
presbíteros em cada igreja e os encomendaram ao Senhor através da oração e
jejum.
Idade mínima
A palavra
"presbítero" sugere que os escolhidos eram homens mais velhos, mas
não há uma idade mínima específica mencionada nas escrituras. A ênfase estava mais na maturidade espiritual e na capacidade de liderar e ensinar
do que na idade cronológica.
LEITURA DIÁRIA
Segunda – At 14.23 Uma reunião de ministério para consagração de
presbíteros
Terça- At – 15.6 O primeiro concílio para tratar de assuntos
doutrinários
Quarta – Rm 15.25-27 O apóstolo Paulo se envolvia em campanhas pela
ação social
Quinta – 1 Co 5.2-5 “Comissão de Ética” na igreja de Corinto
Sexta – 1 Co 16.1,2 “Tesouraria” para cuidar das finanças
Sábado – Rm 16.1,2 Carta de recomendação e a “secretaria” da igreja
Hinos Sugeridos: 53, 247, 482 da Harpa Cristã
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Tito 1.1-9
1- Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, segundo a fé dos eleitos de
Deus e o conhecimento da verdade, que é segundo a piedade,
2- em esperança da vida eterna, a qual Deus, que não pode mentir, prometeu
antes dos tempos dos séculos,
3- mas, a seu tempo, manifestou a sua palavra pela pregação que me foi confiada
segundo o mandamento de Deus, nosso Salvador,
4- a Tito, meu verdadeiro filho, segundo a fé comum: graça, misericórdia e paz, da parte de
Deus Pai e da do Senhor Jesus Cristo, nosso Salvador.
NOTA: Quando
Paulo fala de "fé
comum", ele está se referindo à fé compartilhada entre os cristãos.
É a fé comum a todos os que
acreditam em Jesus Cristo como Salvador e que seguem os ensinamentos do
evangelho. Essa fé não é exclusiva de uma pessoa ou grupo, mas é
uma fé comum que une todos os crentes em uma mesma crença e compromisso com
Deus.
5- Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as
coisas que ainda restam e, de cidade em cidade, estabelecessem presbíteros,
como já te mandei:
6- aquele que for 1- irrepreensível, 2- marido de uma mulher, 3- que
tenha filhos fiéis, 4- que não possam ser
acusados de dissolução 5- nem são desobedientes.
7- Porque convém que o bispo seja irrepreensível como despenseiro da casa de Deus, 1- não soberbo, 2- nem iracundo, 3- nem dado ao vinho, 4- nem espancador, 5- nem cobiçoso de torpe ganância;
8- mas 1- dado
à hospitalidade, 2- amigo do bem, 3- moderado, 4- justo, 5- santo, 6- temperante,
9- 7- retendo firme a fiel palavra, que é conforme a
doutrina, 8- para que seja
poderoso, 9- tanto para admoestar
com a sã doutrina como 10- para convencer os
contradizentes.
NOTA: “marido
de uma mulher”, Essa é uma questão
interessante e que tem sido debatida ao longo do tempo. Em Tito 1:6, na King
James Version diz: 6 If any be blameless, the husband of one wife, having
faithful children not accused of riot or unruly. "marido de uma só
mulher" (ou "husband of one
wife", em inglês). Essa frase tem sido interpretada de diferentes maneiras
dentro das várias tradições cristãs:
Monogamia Estrita: Algumas
interpretações sugerem que isso implica que o presbítero deve ser casado com
apenas uma mulher ao longo de toda a sua vida, o que significaria que,
se ele se casar novamente após a morte de sua esposa ou um divórcio, ele não
estaria qualificado para ser presbítero.
Fidelidade Conjugal: Outras interpretações sugerem que isso significa que o
presbítero deve ser fiel à sua esposa e não deve ser polígamo. Ou seja,
ele não pode ter múltiplas esposas ao mesmo tempo, mas pode se casar novamente
se sua esposa falecer ou em caso de divórcio permitido pelas normas da igreja.
I – TITO E AS IGREJAS NA ILHA DE CRETA
1- A Tito, meu verdadeiro filho, segundo a fé comum: graça, misericórdia e
paz, da parte de Deus Pai e da do Senhor Jesus Cristo, nosso Salvador. (Tito 1,
4). O apóstolo Paulo escreveu a Tito, estando ele em
Nicópolis, na costa oeste da Grécia, ou mais provavelmente, a caminho dessa
região, pois ele afirma “deliberei invernar ali”, e não “aqui”. Como as Epístolas a Timóteo, a de Tito traz importantes diretrizes para os
pastores em todos os lugares e épocas. Tito é chamado de “verdadeiro filho”
do apóstolo Paulo (1.4), expressão que o apóstolo também usa para Timóteo (1 Tm 1.2).
Tito era grego (Gl 2.3), convertido
provavelmente em Antioquia. Seu nome não é mencionado em
Atos dos Apóstolos, mas aparece nove vezes em 2 Coríntios, duas em Gálatas (2.1,3), uma em 2 Timóteo (4.10) e uma vez na epístola que lhe fora destinada, que traz
o seu nome. Foi companheiro do apóstolo
Paulo em suas viagens missionárias, e ajudou o apóstolo em Roma (2 Tm 4.10) e
em Nicópolis (Tt 3.12).
2- O pastor de Creta (v. 5). Foi constituído pastor da ilha Creta pelo Apóstolo Paulo para colocar “em boa ordem as coisas que restam” e,
também, para estabelecer presbíteros de cidade em cidade. Os relatos de Atos omitem esse trecho do itinerário de Paulo. Paulo passou por Creta durante a sua quarta viagem, na
condição de prisioneiro com destino a Roma, num local chamado “bons
portos” (At 27.8), pelo que parece não foi nessa ocasião que ele deixou Tito em
Creta.
3- Creta. Em 67 a.C., Roma anexou a ilha de Creta ao seu império, unindo-a a
Cirene, no Norte da África, nos termos da Líbia, como uma só província. A situação espiritual de Creta era desanimadora porque a
igreja estava desorganizada, e o grande descuido no comportamento daqueles crentes
é denunciado no capítulo 2. Parece que o relaxamento espiritual era
consequência de um desleixo natural, que era característica dos cretenses “12Um deles, seu próprio
profeta, disse: Os cretenses são sempre mentirosos, bestas ruins, ventres
preguiçosos. 13Este
testemunho é verdadeiro. Portanto, repreende-os severamente, para que sejam sãos na fé”, (Tt
1.12,13). Outro problema ali é que havia
judaizantes rebeldes, mercenários e provocadores de divisão (Tt
1.10-16).
SINOPSE I
O apóstolo Paulo colocou Tito
como pastor em Creta para cuidar das demandas organizacionais e orgânicas da
igreja.
II- A INSTITUCIONALIDADE BÍBLICA DA IGREJA
1- A instrução paulina. A
organização eclesiástica a que o apóstolo Paulo instrui Tito não se restringe a
uma estruturação ministerial. Estabelecer presbíteros
de cidade em cidade (v. 5) e instruir os líderes durante a sua carreira
apostólica (At 14.23; 20.28), o apóstolo já vinha fazendo. O Novo
Testamento revela a origem e o desenvolvimento desse governo. O apóstolo
menciona “os bispos e diáconos” (Fp 1.1). O contexto da epístola dá a entender que o relaxo e o
descuido em que estavam as comunidades cristãs da ilha de Creta eram reflexo da
cultura da região (Tt 1.12). Isso está além de um problema meramente ministerial.
2- Igreja como instituição. Podemos definir organismo como forma individual de
vida, um ser ou algo vivente. Na eclesiologia, o ensino ou estudo sobre a Igreja, significa ser a igreja
um organismo porque é um corpo espiritual vivo, cuja espiritualidade é gerada
pelo Espírito Santo (1 Co 3.16, 17; 6.19; Ef 2.21). Ela é uma instituição divina que veio à existência pelo
poder de Deus. Mas o nosso enfoque é a igreja como
organização. A Igreja foi se institucionalizando com o tempo desde os dias
apostólicos. O apóstolo
Paulo tinha em mente uma organização da igreja.
3- Organização. Temos no Novo Testamento alguns lampejos que nos mostram
que aqueles irmãos se organizavam. Seguem alguns exemplos a favor da
organização eclesiástica: havia
local e horário e ordem no culto (1 Co 14.26,40), reunião de ministério para consagração de presbíteros,
segundo o contexto da época de uma igreja emergente (At 14.23); foi realizado
um concílio, que
nós diríamos, uma convenção,
para tratar de assuntos doutrinários (At 15.6). As igrejas dispunham de serviços sociais para atender as
famílias economicamente fragilizadas, os capítulos 8 e 9 de 2 Coríntios
tratam do assunto (Rm 15.25-27); havia na igreja de Corinto o que hoje chamaríamos de comissão de ética
(1 Co 5.2-5) e também tesouraria (1 Co 16.1-3). A carta de recomendação era
mais como um documento, um recurso para garantir a origem e identidade das
pessoas (Rm 16.1,2).
SINOPSE II
A Igreja é uma instituição
divina que demanda uma organização institucional.
III – A QUESTÃO ATUAL
1- Organismo e organização. A Igreja como Organismo e organização deve
ser entendida como um local onde as pessoas se reúnem para adorar a Deus,
estudar a Palavra, pregar o evangelho, orar e celebrar as ordenanças
eclesiásticas. O que alguns ainda não entenderam é que essas atividades
espirituais exigem uma organização. A Bíblia nos apresenta a igreja como um organismo e ao
mesmo tempo uma organização. Mas nunca devemos nos esquecer de que
somos cidadãos de duas pátrias, a terrestre e a celestial, e isso significa
responsabilidade com as autoridades civis constituídas (Rm 13.1-7) como também
com as autoridades eclesiásticas (Hb 13.17). O ensino
de Jesus é: “Dai, pois, a César o que é de César e a Deus, o que é de Deus” (Mt 22.21). A organização da igreja além de ser uma necessidade
natural é também uma exigência do Estado.
2- A experiência pentecostal. O movimento pentecostal moderno surgiu num contexto
antidenominacionista e ainda
hoje há muitos antidenominacionista que acreditam que a organização representa
um problema à vida espiritual.
Os primeiros pentecostais
modernos desde os seus ancestrais, o Movimento Holiness, conhecido também como Movimento de
Santidade, eram contra à institucionalidade da Igreja. Charles Fox Pahram, aos 20 anos de idade, assumiu o pastorado de uma
Igreja, em Eudora, Kansas, mas, em 1895, ele entregou a licença de pregador
local, deixando o denominacionismo para sempre, de modo que se tornou itinerante
independente até o fim da vida. Mas a igreja do período apostólico adotou um
programa de funcionamento logo no limiar de sua história e foi uma bênção, pois
ajudou a cumprir a sua tarefa de maneira eficaz (At 6.1-7).
NOTA: O Movimento Holiness, ou Movimento de Santidade, é um
movimento cristão que ensina que a natureza carnal
da humanidade pode ser purificada através da fé e do poder do Espírito Santo.
Este movimento promove a ideia de que os pecados podem ser perdoados pela fé em
Jesus Cristo, e que os crentes podem alcançar a
santificação total, também conhecida como perfeição cristã.
As crenças fundamentais do
movimento incluem a regeneração pela graça através da fé, com a garantia de
salvação pelo testemunho do Espírito Santo, e a
santificação total como uma segunda obra definitiva da graça. A
santificação é vista como uma experiência pessoal subsequente à regeneração, na
qual o crente é purificado da natureza carnal e
fortalecido pelo Espírito Santo para levar uma vida santa.
O movimento de santidade visa
promover um cristianismo pessoal, prático e avivado, onde os crentes são
capacitados a viver uma vida livre do pecado intencional e a seguir os
princípios morais percebidos como convicções do Espírito Santo.
NOTA: Charles Fox Pahram foi uma figura central no desenvolvimento do pentecostalismo.
Ele é conhecido por associar o falar em línguas com o batismo no Espírito
Santo, uma conexão teológica crucial para o surgimento do pentecostalismo como
um movimento distinto.
Parham fundou a Bethel
Bible College em Topeka, Kansas, onde ele e seus alunos começaram a
experimentar o falar em línguas em 1901. Ele também
criou um movimento chamado Apostolic
Faith (Fé Apostólica), que consistia em igrejas independentes que
cresceram no sul e no oeste dos Estados Unidos.
Parham foi uma figura
controversa durante seu ministério, enfrentando críticas e acusações, mas seu
impacto no pentecostalismo é inegável.
3- É necessário organizar. Em 1914, alguns dos pioneiros
entenderam que havia chegado a hora de rever o sentimento antidenominacionista
de Parham e de outros líderes que havia entre os pentecostais da santidade,
isso para evitar um crescimento desordenado. Foi
nesse contexto que foi criado o Concílio
das Assembleias de Deus nos Estados Unidos. No Brasil
não foi diferente. Diante do avanço da obra no Brasil era necessário estruturar
o Movimento Pentecostal e criar um órgão máximo para manter a identidade e a
unidade doutrinária dessas igrejas no país e, dessa forma, trazer soluções para
as questões de ordem doméstica, interna e externa. Foi com base nesses ideais que os pioneiros
brasileiros e suecos criaram a Convenção Geral das Assembleias de Deus, em
setembro de 1930.
SINOPSE III
Organismo e Organização não
são excludentes em si, mas necessárias para a missão da Igreja.
CONCLUSÃO
É importante entender que
organização e organismo não são elementos excludentes em si, isso ajuda no
arranjo entre muitos organismos individuais num sistema geral. A Igreja é o povo de Deus do
Novo Concerto, é uma comunidade internacional, uma congregação
supranacional, (que
pertence a um organismo ou a um poder posto acima do governo de cada nação.) de estrangeiros e peregrinos (1 Pe 2.11). Seria humanamente impossível ela
cumprir a sua agenda missionária, evangelizadora, ensino da Palavra e serviço
social em nosso país e no mundo sem uma estrutura organizacional.
VERDADE PRÁTICA
A Igreja é um organismo vivo
de natureza espiritual e, ao mesmo tempo, uma organização.
REVISANDO O CONTEÚDO
1- Por que a situação
espiritual de Creta era desanimadora?
A situação espiritual de Creta era desanimadora
porque a igreja estava desorganizada, e o grande descuido no comportamento
daqueles crentes é denunciado no capítulo
2- O que dá a entender o contexto da Epístola a Tito?
O contexto da epístola dá a entender que o relaxo e o descuido em que
estavam as comunidades cristãs da ilha de Creta eram reflexo da cultura da
região (Tt 1.12).
3- Cite três exemplos bíblicos em favor da organização eclesiástica.
Havia local e horário e ordem no culto (1 Co 14.26,40), reunião de
ministério para consagração de presbíteros, segundo o contexto da época de uma
igreja emergente (At 14.23); foi realizado um concílio, que nós diríamos, uma
convenção, para tratar de assuntos doutrinários (At 15.6).
4- Qual a nossa atitude em relação aos que pensam ser a igreja apenas local
de culto?
A nossa atitude é mostrar que a Bíblia nos apresenta a igreja como um
organismo e ao mesmo tempo uma organização.
5- Por que o programa de funcionamento, adotado pela igreja do período
apostólico, foi uma bênção?
A igreja do período apostólico adotou um programa de funcionamento logo no
limiar de sua história e foi uma bênção, pois ajudou a cumprir a sua tarefa de
maneira eficaz (At 6.1-7).