Êxodo 12:14 "E este dia vos será por memória, e celebrá-lo-eis por festa ao Senhor; nas vossas gerações o celebrareis por estatuto perpétuo."
Etimologia do termo: A palavra "Páscoa"
deriva do hebraico Pesach, que significa "passagem". Especificamente,
refere-se à passagem do anjo da morte sobre as casas dos israelitas no Egito,
durante a décima praga. Segundo o relato bíblico, Deus instruiu os hebreus a
marcar as vergas das portas de suas casas com o sangue de um cordeiro
sacrificado. Isso serviria como sinal para que o anjo da morte "passasse
por cima" dessas residências, poupando os primogênitos de cada família.
O significado mais profundo do termo está diretamente
ligado à ideia de proteção divina e livramento, além de simbolizar a libertação
da escravidão no Egito e o início da jornada para a Terra Prometida.
No hebraico, פסח "Pecach" (ou
"Pesach") refere-se à Páscoa judaica, festa que comemora a libertação
dos israelitas da escravidão no Egito. O termo significa "passar por
cima" ou "poupar", relacionado ao evento descrito no livro de
Êxodo 12, onde Deus poupou os primogênitos dos israelitas durante a última
praga no Egito.
No grego é πασχα pascha - festa pascal, festa
da Páscoa, que se estende do décimo quarto ao vigésimo dia do mês Nisã.
Esta celebração, que dura sete dias em Israel e oito dias na
diáspora, ocorre geralmente no mês hebraico de Nissan, correspondente a março
ou abril do calendário gregoriano.
Significado religioso: Na tradição judaica, a
Páscoa celebra a libertação dos hebreus liderados por Moisés. O evento
resultante da passagem do "anjo da morte" sobre as casas dos
israelitas foi a salvação dos primogênitos, a morte dos primogênitos dos
egípcios e o Êxodo.
Datas: A Páscoa judaica é celebrada durante
sete ou oito dias, dependendo da tradição, começando no dia 15 de Nissan
(calendário judaico), que normalmente cai entre março e abril no calendário
gregoriano. O mês de Nissan, no calendário judaico, geralmente corresponde ao
período entre março e abril no calendário gregoriano. É o primeiro mês do ano
judaico religioso e marca o início da primavera.
Datas: A Páscoa cristã é celebrada no domingo
após a primeira lua cheia da primavera (hemisfério norte), seguindo o
calendário lunar. Isso significa que pode cair entre 22 de março e 25 de abril.
A Páscoa Pagã: Datas: As celebrações pagãs geralmente coincidem com o equinócio
de primavera, em torno de 20 ou 21 de março.
Rituais: O Seder, uma refeição ritual, é realizado na primeira noite (e na segunda, em algumas tradições). Elementos como matzá (pão sem fermento) e maror (ervas amargas) simbolizam a pressa na saída do Egito e os tempos difíceis. Seder significa "ordem" em hebraico. Refere-se à refeição ritual da Páscoa judaica, que segue uma ordem específica de cerimônias e leituras descritas na Hagadá/narrativa ou (contar).
A Páscoa Cristã: Ressurreição e Renovação
Etimologia do termo: A palavra
"Páscoa" no contexto cristão também é derivada do Pesach, mas foi
adaptada para significar a "passagem" de Jesus Cristo da morte para a
vida, ou seja, sua ressurreição. Significado religioso: Na tradição cristã, a
Páscoa marca o evento mais importante da fé, a ressurreição de Jesus Cristo
três dias após sua crucificação. Representa esperança, renovação e salvação.
Datas: A Páscoa cristã é celebrada no domingo
após a primeira lua cheia da primavera (hemisfério norte), seguindo o
calendário lunar. Isso significa que pode cair entre 22 de março e 25 de abril.
Rituais: Os cristãos participam de uma série de observâncias durante a Semana Santa, incluindo o Domingo de Ramos, a Sexta-feira Santa e o Domingo de Páscoa. A celebração geralmente envolve missas, cânticos e reflexões sobre o sacrifício e o triunfo de Cristo.
A Bíblia não declara explicitamente que Jesus ressuscitou
durante o Pesach (a Páscoa judaica).
Quando em 1 Coríntios 5:7, o Apóstolo Paulo
diz: "Cristo, nossa Páscoa, já foi crucificado por nós",
Paulo está utilizando uma metáfora que liga Jesus ao cordeiro pascal,
sacrificado na celebração judaica do Pesach. E o próprio Jesus quando celebra
com os Discípulos a Pessach/Páscoa se identifica como sendo aquele cordeiro
Pascal sacrificado para salvar os israelitas. Ele diz: “Isto é o meu corpo...”
e “Isso é o meu sangue...”!
Em 1 Coríntios 5:7, o Apóstolo Paulo não está
instituindo uma páscoa cristã, nem ligando a Pessach à ressurreição de Jesus,
mas à morte Dele: "Cristo, nossa Páscoa, já foi crucificado por
nós"; sacrificado, ou seja, morto.
Por que na celebração da páscoa com os discípulos Jesus não
comeu o cordeiro com ervas amargosas, mas pão e vinho?
Na tradição judaica, o cordeiro e as ervas amargosas fazem
parte do ritual da Páscoa que relembra a libertação do Povo de Israel da
escravidão no Egito. Esse antigo Pacto é entre YHWH e seu Povo escolhido. No
entanto, Jesus, durante essa celebração, transforma o momento em algo novo,
apontando para um evento maior: sua morte e o estabelecimento de uma nova
aliança entre Deus e a humanidade.
O pão e o vinho que Ele compartilhou com os discípulos
simbolizam Seu corpo e sangue, que seriam sacrificados para a redenção dos
pecados. Essa mudança tem um profundo significado teológico, pois Jesus está
mostrando que Ele próprio é o verdadeiro "Cordeiro de Deus" que se
oferece como sacrifício para libertar as pessoas espiritualmente, não apenas
fisicamente, como na Páscoa judaica. Ao invés de relembrar a antiga aliança do
Êxodo, Jesus funda uma nova aliança, na qual a salvação não é alcançada pelo
cumprimento da lei mosaica, mas pela fé em seu sacrifício redentor. Jesus,
portanto, redefine os elementos da Páscoa e dá-lhes um significado eterno,
conectando o que Deus fez no passado com o que Ele está fazendo por meio de
Cristo.
A páscoa judaica Pessach não foi anulada ou substituída
nesse evento, mas este é um momento de transição, onde a libertação física dos
israelitas no Egito é paralelizada à libertação espiritual para toda a
humanidade.
A Páscoa Pagã: Fertilidade e Renovação A
Páscoa pagã associada à deusa Ostara, também conhecida como Eostre, celebra o
renascimento, fertilidade e renovação. Ostara é uma deusa da mitologia
anglo-saxã, nórdica e germânica, e seus festivais ocorriam durante o equinócio
da primavera, marcando o fim do inverno e o início de uma nova estação cheia de
vitalidade e alegria. Ela representa o despertar da natureza após o inverno,
trazendo luz, crescimento e renovação. Sua celebração geralmente ocorre no
equinócio da primavera, momento em que o dia e a noite têm duração igual,
simbolizando equilíbrio e novos começos. Os rituais dedicados a Ostara incluíam
oferendas de ovos pintados e flores, símbolos de fertilidade e prosperidade. O
ovo representava o potencial de nova vida, enquanto o coelho, associado à
deusa, simbolizava fertilidade e abundância. Esses elementos foram incorporados
à celebração cristã da Páscoa. A tradição de esconder ovos ou trocá-los como
presentes vem desses festivais pagãos, que celebravam a renovação da terra e a
conexão com a natureza.
Datas: As celebrações pagãs geralmente coincidem com o
equinócio de primavera, em torno de 20 ou 21 de março.
Divindades envolvidas: Além de Ostara (Eostre), outras
divindades estão associadas à primavera: Deméter (grega) e Ceres (romana),
deidades da agricultura e fertilidade.
NOTA: No inglês, a palavra principal para
"Páscoa" é realmente "Easter". Mas, em contextos
religiosos, como na tradição judaica, usa-se "Passover" para se
referir à Páscoa Judaica, que comemora a libertação dos israelitas da escravidão
no Egito. Nas versões inglesas da Bíblia, ambos os termos podem aparecer
dependendo do contexto e da tradução: "Passover" é usado para se
referir à Páscoa Judaica, especialmente no Antigo Testamento (como em Êxodo 12,
que narra a instituição do Pessach). Esse termo é amplamente encontrado em
traduções como a King James Version (KJV) e a New International Version (NIV).
"Easter" aparece raramente e somente em algumas
versões específicas da Bíblia. Por exemplo, na KJV, a palavra
"Easter" é usada em Atos 12:4. 4 And when
he had apprehended him, he put him in prison, and delivered him to four
quaternions of soldiers to keep him; intending after Easter to bring him forth to the people.
King James Version (KJV).
No entanto, o termo original grego na passagem não é
Easter/páscoa pagã, mas Pascha/Pessach/Passover. Easter deturpa o sentido, pois
faz referência à celebração cristã da Páscoa como conhecemos hoje, ou seja,
mesclada com o paganismo.