A história de Adão e Eva é uma das mais conhecidas da Bíblia. Segundo o livro de Gênesis, Deus criou Adão e Eva e os colocou no Jardim do Éden, onde tinham liberdade para comer de qualquer árvore, exceto a árvore do conhecimento do bem e do mal.
Deus advertiu que no dia em que comessem do fruto dessa árvore, "certamente morreriam" (Gen. 2, 17). No entanto, Adão e Eva foram tentados pela Serpente, comeram o fruto proibido e não morreram naquele dia.
Isso
levanta a seguinte questão: por que Adão não morreu no dia em que comeu do
fruto proibido?
A questão cultural
A resposta a essa pergunta pode ser encontrada na interpretação da palavra "morte". Na cultura ocidental, a morte é frequentemente entendida como o fim da vida física. No entanto, na tradição judaico-cristã, a morte pode ter um significado mais profundo.
A morte pode ser vista não apenas como uma condição física, mas também como uma condição espiritual de separação de Deus, conforme Isaías 59:2 (ARC) “mas as vossas iniquidades fazem divisão entre vós e o vosso Deus, e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça.”
Quando Adão e Eva comeram o fruto proibido, eles desobedeceram a Deus e quebraram a relação de confiança e obediência que tinham com Ele. Isso resultou em sua expulsão do Jardim do Éden e na entrada do pecado no mundo. “Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram.” (Rm 5:12).
Nesse sentido, eles experimentaram a "morte" no dia em que comeram o fruto proibido - uma morte espiritual.
A questão biológica
Além disso, a desobediência de Adão e Eva trouxe consequências físicas. Embora não tenham morrido fisicamente naquele mesmo dia, a morte física entrou no mundo como resultado de seu pecado.
A Bíblia diz que Adão viveu 930 anos e depois morreu. Assim, embora Adão não tenha morrido fisicamente no dia em que comeu o fruto proibido, ele eventualmente experimentou a morte física como consequência de seu pecado.
Em resumo, a razão pela qual Adão não morreu no dia em que comeu do fruto proibido é uma questão de interpretação. Se entendermos a morte como uma condição espiritual de separação de Deus, então Adão e Eva realmente "morreram" naquele dia ao desobedecerem a Deus. Se entendermos a morte como o fim da vida física, então Adão não morreu naquele dia, mas de qualquer modo a morte física entrou no mundo naquele dia como resultado de seu pecado.
A questão gramatical
Outra forma de entender essa questão de Adão não ter morrido no mesmo dia está no tempo do verbo: “Certamente morrerás”. “Morrerás” aqui está no futuro do presente e não indica um acontecimento imediato, mas futuro, ou seja, Adão morreria num dado tempo indeterminado.
O fator que complica a
frase é o termo “dia” “No dia em que dela comeres”. A
explicação mais simples é sempre a melhor. Do ponto de vista teológico no dia em que Adão comeu ele perdeu
sua “vida eternizada”, ou seja, começou a morrer.
Há
uma diferença básica entre eterno e eternizado. Só é eterno aquilo, ou aquele que
“não tem princípio nem fio”. Desse ponto
de vista somente Deus é eterno. Adão e nós somos eternizados. Eternizado é um termo
teológico para significar alguém cuja vida tem início, mas não tem fim.
A questão etimológica
“Porque mil anos são aos teus olhos como o dia de ontem que passou, e como a vigília da noite. (SI 90:4)
Se do ponto de vista do Eterno “mil anos são como um dia”, então Adão que viveu 930 anos e morreu (Gn 5:5), morreu no mesmo dia, metaforicamente falando.