Se Jesus foi humano então Ele pecou!
A afirmação “Se Jesus
foi humano, então Ele pecou” parte da seguinte premissa:
Premissa maior: Jesus era um ser humano.
Premissa menor: Os seres humanos pecam.
Conclusão: Logo, Jesus pecou.
Esta é uma interpretação que pode ser contestada com base em várias perspectivas teológicas.
A humanidade de Jesus
Primeiramente,
é importante entender que a humanidade de Jesus é um princípio fundamental do
cristianismo. No entanto, isso não implica necessariamente que Ele tenha
pecado.
A Bíblia afirma em Hebreus 4:15 que Jesus
foi tentado em todas as coisas, assim como nós, mas sem pecado. Isso sugere
que, embora Jesus tenha experimentado a condição humana, incluindo a tentação,
Ele não cedeu ao pecado. “Porque não temos um sumo sacerdote que não possa
compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi
tentado, mas sem pecado”. (Hb 4:15).
Além disso, a
doutrina da impecabilidade de Jesus sustenta que Ele não poderia pecar por
causa de Sua natureza divina. Como Deus encarnado, Jesus possuía uma natureza
perfeita e sem pecado. Isso é afirmado em 1 João 3:5, onde se lê que em Jesus
não há pecado. “E bem sabeis que ele se manifestou para tirar os nossos
pecados; e nele não há pecado”. (1 João 3:5).
Ainda assim, é
crucial lembrar que a humanidade e a divindade de Jesus não são mutuamente
exclusivas. Na teologia cristã, Jesus é visto como perfeitamente humano e perfeitamente
divino. Sua humanidade não diminui Sua divindade, nem Sua divindade compromete
Sua humanidade.
Portanto,
embora a afirmação possa parecer lógica à primeira vista, ela não leva em conta
a complexidade da natureza de Cristo conforme apresentada na teologia cristã.
A humanidade
de Jesus não implica automaticamente que Ele tenha pecado; pelo contrário, a
Bíblia ensina que Ele viveu uma vida sem pecado apesar de Suas experiências
humanas.
Ele
é Deus, e como tal participa da natureza
divina; (Jo 1,1) a qual não pode pecar. " No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus".
A “natureza humana” em nós como em Jesus trazia um conjunto de características que são comuns a todos os seres humanos independentemente da cultura ou da sociedade em que o indivíduo vive, por exemplo, a capacidade humana de sentir emoções como amor, tristeza, alegria e raiva. Essas emoções são universais e fazem parte da natureza humana.
Jesus também experimentou os principais atributos da natureza humana que incluem:
1. Espiritualidade: A natureza humana é uma unidade complexa que é constituída de uma parte material e outra imaterial.
2. Imortalidade:
esta diz respeito ao “homem interior”, uma vez criado, jamais o homem deixa de
existir.
3. Intelectualidade:
O homem possui uma capacidade singular de raciocinar; de pensar e agir de forma
complexa.
4. Volição/Capacidade
de escolher: Deus criou o homem como uma criatura volitiva.
5. Racionalidade:
O ser humano tem a capacidade de pensar, entender, aprender e lembrar.
6. Sociabilidade:
Os seres humanos são inerentemente sociais e tendem a viver em comunidades.
7.
Moralidade:
Os seres humanos têm um senso inato de certo e errado.
A natureza divina de Jesus
A natureza divina inclui
ainda ser bom, gentil, justo, misericordioso, perdoador, sofredor, paciente,
pacífico, autocontrolado, fiel, amável e honesto.
Essas características não são inerentes à nossa natureza humana por ter sido manchada pelo pecado. No entanto, através da fé em Jesus e por sua vitória sobre o pecado, podemos desenvolver essas características piedosas em nossas vidas. Mas jamais, as características dos atributos incomunicáveis: onipotência, onisciência, onipresença e principalmente o SER SEM PECADO.
Portanto, em relação a nós, tornar-se participante da natureza divina não significa se tornar Deus ou se colocar no nível dele, significa apenas que certas características da natureza de Deus podem se desenvolver em nós. Do mesmo modo quando a natureza humana se manifesta em Jesus Ele não se torna cem por cento humano, mas perfeitamente humano, pois sua natureza excluía a capacidade de pecar.
A Kenósis
Na
"Kenósis" Jesus se esvazia dos atributos incomunicáveis, para que a
natureza humana pudesse subsistir em paralelo com a divina.
A palavra kenosis vem do verbo grego "kenoo" que significa principalmente “esvaziar” ou “tornar vazio”.
Por exemplo, quando o apóstolo Paulo escreve em Filipenses 2:5-8 que Jesus “esvaziou-se a si mesmo”, a doutrina da kenosis interpreta isso como significando que Ele se esvaziou da forma e das maiores potências da divindade, tais como a onipotência, onisciência, onipresença etc., enquanto manteve seus atributos morais, como o amor, a bondade, a misericórdia, etc.
De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, 6que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. 7Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; 8e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz. (Filipenses 2:5-8).