Objetivos da Lição:
I) Identificar a experiência humana no ministério de Jesus;
II) Explicar as heresias que
negam a humanidade de Jesus;
III) Reconhecer como essas
heresias se apresentam atualmente.
INTRODUÇÃO
O Senhor
Jesus não viveu como anacoreta (pessoa que decide viver em isolamento),
como monge ou eremita em retiro solitário, isolado da sociedade, e nem ensinou
essa prática aos seus discípulos. Pelo contrário, a narrativa
bíblica descreve que Ele
teve vida social e religiosa. A lição de hoje pretende mostrar alguns
aspectos da experiência humana de Cristo.
Palavra-Chave: Experiência
Humana
"A Experiência Humana" é o
conjunto de vivências,
emoções e interações que moldam a
existência de uma pessoa ao longo da vida e envolve:
1. Emoções e Sentimentos: Amor,
tristeza, alegria, medo, raiva, etc.
2. Relacionamentos: Interações
com família, amigos, colegas de trabalho e estranhos.
3. Crescimento Pessoal: Educação, autodescoberta, desenvolvimento de habilidades.
4. Desafios e Superações: Enfrentar
dificuldades, lidar com perdas e aprender com os erros.
5. Criação e Realização: Arte,
inovação, trabalho, contribuições para a sociedade.
6. Cultura e Tradição: Participação
em eventos culturais, celebrações e rituais.
A principal ação que envolve a Experiência Humana
é, talvez, a busca por significado. Isso pode se manifestar de pelo
menos 4 formas:
A busca pelo propósito da vida e pelo seu propósito na vida (introspecção)
A necessidade de se conectar com os outros (socialização)
O desejo de deixar um legado (continuidade e memória - no íntimo é desejo
de não morrer, é desejo de continuar através das obras ou pessoas)
Contribuir de maneira significativa para o mundo (Altruísmo)
TEXTO ÁUREO
“E percorria Jesus toda a Galileia, ensinando nas suas
sinagogas, e pregando
o evangelho do Reino, e curando
todas as enfermidades e moléstias entre o povo.” (Mt 4.23)
NOTA: Esses 4 verbos expressam a vida social de
Jesus. Os 3 últimos demonstram sua experiência humana socializando com
outras pessoas.
LEITURA DIÁRIA
Segunda – Mt
4.23-25 Jesus caminhava por toda a Galileia, pregando, ensinando e curando
enfermos
Terça – Mc 6.2,3 Jesus e
sua família eram conhecidos na cidade onde viviam
Quarta – Lc 4.16 A
participação de Jesus no culto nas sinagogas
Quinta – Lc 5.27-30 Jesus
tinha vida social como qualquer pessoa de sua época
Sexta – Jo 2.1,2 Jesus
participou de um casamento em Caná da Galileia, uma celebração comum da época
Sábado – Jo 4.7-10 Jesus
procurava interagir com as pessoas
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
João 1.43-51; Mateus 26.37,38,4243- No
dia seguinte, quis Jesus
ir à Galileia, e achou a Filipe, e disse-lhe: segue-me.
44- E Filipe era de Betsaida, cidade de André e de Pedro.
45- Filipe achou Natanael e disse-lhe: Havemos achado aquele de quem Moisés
escreveu na Lei e de quem escreveram os Profetas: Jesus de Nazaré, filho de
José.
NOTA: dentro das experiências humanas
enfrentamos Desafios
e Superações. No episódio dos versículos 46, 47 A índole de Jesus é posta em xeque,
mas Ele se sobressai, inclusive, elogiando o opositor.
46-Disse-lhe Natanael: Pode vir alguma coisa boa de Nazaré?
Disse-lhe Filipe: Vem e vê.
Grego: καὶ εἶπεν αὐτῷ Ναθαναήλ· ἐκ
Ναζαρέτ δύναταί τι ἀγαθὸν εἶναι; λέγει αὐτῷ ὁ Φίλιππος· ἔρχου καὶ ἴδε. (João
1:46)
Transliteração: kai eipen autō Nathanaēl; ek Nazarēt dunatai ti AGATHON EINAI; legei autō ho Philippos; erchou kai ide.
NOTA - ἀγαθὸν εἶναι – “AGATHON EINAI" é uma expressão em grego
antigo que significa "ser bom" ou "ser justo".
É uma frase que reflete valores éticos e morais importantes na filosofia e
cultura gregas antigas.
Então, a tradução literal seria: "E disse Natanael: De Nazaré pode algo SER BOM? Disse a ele Filipe: Vem e vê."
47- Jesus viu Natanael vir ter com ele e disse dele: Eis aqui um verdadeiro israelita, em quem não há dolo.
Grego: εἶδεν
ὁ Ἰησοῦς τὸν Ναθαναὴλ ἐρχόμενον πρὸς αὐτόν, καὶ λέγει περὶ αὐτοῦ· ἴδε ἀληθῶς Ἰσραηλίτης,
ἐν ᾧ δόλος οὐκ ἔστιν.
Transliteração: eiden ho Iēsous ton Nathanaēl erchomenon pros
auton, kai legei peri autou ide alēthōs Israēlitēs, en hō dolos ouk estin.
48- Disse-lhe Natanael: De onde me conheces tu? Jesus respondeu e disse-lhe:
Antes que Filipe te chamasse, te vi eu estando tu debaixo da figueira.
49- Natanael respondeu e disse-lhe: Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel.
50-Jesus respondeu e disse-lhe: Porque te disse: vi-te debaixo da figueira,
crês? Coisas maiores do que estas verás.
51-E disse-lhe: Na verdade, na verdade vos digo que, daqui em diante, vereis o
céu aberto e os anjos de Deus subirem e descerem sobre o Filho do Homem.
37- E, levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu,
começou a entristecer-se e a angustiar-se muito.
38-Então, lhes disse: A
minha alma está cheia de tristeza até à morte; ficai aqui e vigiai comigo.
42-E, indo segunda vez, orou, dizendo: Meu Pai, se este cálice não pode passar
de mim sem eu o beber, faça-se a tua vontade.
I –
A EXPERIÊNCIA HUMANA NO MINISTÉRIO DE JESUS
1- Os debates com as
autoridades religiosas. Os principais opositores de Jesus
foram os fariseus, os saduceus e os herodianos. Esses debates revelam o
ensino de Jesus sobre a ética, os princípios morais e as responsabilidades
civis que temos.
a) Os fariseus. O nome vem do hebraico prushim que significa “separados”, porque não
concordavam com os saduceus. Defendiam
a tradição acima das Escrituras (Mt 15.3, 6) e a separação do Estado da
religião. Eram membros do
sinédrio e tornaram-se alvo das críticas de Jesus (Mt 22.15). O apóstolo Paulo declara que o grupo dos fariseus, ao qual
pertencia antes de sua conversão, era a mais severa seita do judaísmo (At 26.5;
Gl 1.14; Fp 3.5).
b) Os saduceus. O nome
vem de Zadoque, família que detinha o cargo de Sumo Sacerdote desde Salomão
(1Rs 2.35) até pouco antes do surgimento desses grupos. Eram, como os
fariseus, uma facção
dentro do judaísmo (At 5.17), aceitavam apenas os cinco livros de Moisés, o Pentateuco, com certa
reserva, pois não acreditavam em anjos, espíritos e nem na ressurreição (At
23.8) e rejeitavam os demais livros do Antigo Testamento. Muitos deles
eram sacerdotes, e exerciam fortes influências no sinédrio. Eram inimigos mortais de Jesus.
Uniram-se aos fariseus, superando todos os
obstáculos ideológicos a fim de somar as forças e
matarem a Jesus.
c) Os herodianos. Eram os
apoiadores da dinastia de Herodes, uma espécie de marqueteiros, buscando
convencer o povo para impedir um governo direto de Roma. Foram
instituídos com interesses nacionalistas e eram a favor dos impostos. O
discurso de Jesus também os incomodava. Formaram
conselho com os fariseus com o propósito de matar Jesus (Mc 3.6). Estavam associados aos fariseus
na questão do tributo (Mt 22.16; Mc 12.13).
2- A vida social e
religiosa de Jesus. O Mestre participava de uma vida
social intensa. A escolha dos seus discípulos como Filipe, André, Pedro e
Natanael aconteceu num ambiente entre amigos (Jo 1.43-46). Os dois
primeiros capítulos de Lucas apresentam um começo muito humano de Cristo,
apresentando amigos, vizinhos, parentes, como Zacarias, Isabel. Os “filhos de Zebedeu”, João e Tiago (Mt 26.37), eram primos
de Jesus; Zebedeu
era um pescador da Galileia (Mc 1.19, 20) e marido de Salomé (Mt 27.56; Mc
15.40), irmã de Maria, mãe de Jesus (Jo 19.25). Lucas descreve o desenvolvimento físico e mental de
Jesus que crescia em estatura e em sabedoria (Lc 2.40, 52). Ele
interagia com as pessoas independentemente de sua condição social e espiritual,
“publicanos e pecadores” (Mt 9.10, 11), “fariseus” e “a mulher pecadora” (Lc
7.37-39) e a mulher samaritana (Jo 4.9-15).
3- Características
próprias do ser humano. Jesus nasceu de uma mulher, embora gerado pela ação
sobrenatural do Espírito Santo. Seu nascimento, contudo, foi normal e
comum como o de qualquer bebê (Lc 2.6-7). Ele sofreu, chorou e sentiu angústia
(Hb 13.12; Lc 19.41; Mt 26.37); sentiu sono, fome, sede e cansaço (Mt 8.24; Jo
4.6; 19.28); e por fim
morreu. A diferença é que, não ficou morto como qualquer pessoa, mas
ressuscitou ao terceiro dia, passando pelo ardor da morte (1 Co 15.3-4).
O Senhor Jesus Cristo, em sua experiência humana,
participou de nossa fraqueza
física e emocional (morreu, chorrou, se alegou, etc.), mas não de nossa
fraqueza moral e espiritual (Jo 8.46; Hb 4.15).
Como homem, Ele dependia tanto da oração como do
Espírito Santo (Lc 4.1, 14; 5.16; 6.12).
NOTA:
Há várias referências
que mostram a atuação do Espírito Santo na vida e no ministério de Jesus. Aqui
estão alguns exemplos claros de como o Espírito Santo ajudou diretamente Jesus:
1.
Concepção de Jesus: O Espírito Santo foi
instrumental na concepção de Jesus. Em Lucas 1:35, o anjo Gabriel diz a Maria:
"O Espírito Santo virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a
sua sombra; por isso também o ente santo que há de nascer será chamado Filho de
Deus."
2.
Batismo de Jesus: No batismo de Jesus,
o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma de uma pomba. Isso é relatado em
todos os quatro Evangelhos. Aqui está a referência de Mateus 3:16: "E,
sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e
viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele."
3.
Tentação no deserto: Após o batismo, Jesus
foi conduzido pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo diabo. Isso é
mencionado em Mateus 4:1: "Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao
deserto, para ser tentado pelo diabo."
4.
Ministério de Jesus: Jesus declarou que o
Espírito do Senhor estava sobre Ele e que tinha sido ungido para pregar o
evangelho, curar os quebrantados de coração, proclamar libertação aos cativos,
entre outras missões. Isso é encontrado em Lucas 4:18-19, onde Jesus lê a
profecia de Isaías na sinagoga de Nazaré: "O Espírito do Senhor é sobre
mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me a curar os
quebrantados de coração, a pregar liberdade aos cativos, e restauração da vista
aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do
Senhor."
Essas são
algumas passagens que mostram o ministério do Espírito Santo em relação a
Jesus.
SINOPSE
I
Nosso Senhor viveu tanto a vida
social quanto a religiosa, confirmando assim a sua experiência humana.
II – HERESIAS QUE NEGAM A HUMANIDADE DE JESUS
1- Apolinarismo. Apolinário foi bispo de Laodiceia, nasceu
provavelmente em 310 d.C. e morreu em 392. O
Apolinarismo é a doutrina que nega que Jesus encarnado teve espírito humano. Usando a linguagem teológica de
Apolinário, os elementos constitutivos do ser humano são soma, “carne ou corpo”; a psychē, “alma animal”, a sede dos
desejos, paixões, apetites; e, pneuma,
“alma racional”.
Apolinário
dizia que Jesus possuía um sōma humano e uma psychē humana, mas não um pneuma
humano. Segundo Apolinário, o Verbo (Jo 1.1, 14) teria ocupado o lugar da alma
na encarnação, com isso negando que Jesus tivesse espírito humano.
2- Reação da igreja. A humanidade plena de
Jesus está clara no Novo Testamento, que fala
do corpo físico de Cristo (Lc 24.36-40; Jo 2.21; Hb 10.10) e também da alma e
do espírito (Mt 26.38; Lc 23.46). Essa humanidade de Jesus é igual à nossa (Hb
2.14,17 NTLH). A diferença é a sua impecabilidade. De modo que Ele é o
verdadeiro homem (1 Tm 2.5). O Apolinarianismo foi declarado heresia no
Concílio da Calcedônia em 451.
3- Monotelismo. É a doutrina cristológica
do patriarca Sérgio de
Constantinopla, que ensinava haver em Cristo uma só vontade. O termo vem
de duas palavras gregas, “monos, único”, e thelēma, “vontade, desejo”.
Era uma tentativa de conciliar a teologia monofisita
com o Credo de Calcedônia, que reafirmava as duas naturezas intactas, separadas
e inconfundíveis em uma só pessoa, em Jesus. O Terceiro Concílio de Constantinopla em 681 considerou o monotelismo heresia.
Reconhecemos as vontades de Cristo (Mc 14.36). É
evidente que as ações de Cristo como caminhar, comer, beber, interagir com as
pessoas são puramente humanas, mas são produzidas pela natureza humana sob a
direção divina. Ao perdoar pecados, era a manifestação da vontade de
Cristo na natureza divina (Lc 5.20-22). Sofrônio, patriarca de Jerusalém, em 633, refutou o
monotelismo dizendo que existe em Jesus duas vontades sendo a humana submissa à
divina.
SINOPSE
II
O Apolinarismo e o Monotelismo
são duas heresias que negavam a humanidade de Jesus.
III- COMO ESSAS HERESIAS SE APRESENTAM NOS DIAS ATUAIS
1- Quais países Jesus
visitou quando esteve entre nós? Podemos
afirmar que Jesus visitou, durante sua vida terrena, três países, Egito (Mt
2.14-15), Israel, o centro de suas atividades, e Fenícia, atual Líbano. Mas, não
faltam crenças bizarras sobre a vida de Jesus. Não somente o Movimento Nova Era, mas vários grupos ocultistas costumam
ensinar que Jesus esteve na Índia, e os mórmons declaram que Ele esteve nos
Estados Unidos. A Bíblia, porém, nada disso menciona e ensina-nos a
rejeitarmos as fábulas (1 Tm 4.7). Os Evangelhos não mostram um Jesus estranho
em sua comunidade e muito menos um forasteiro (Mt 13.55-57; Jo 7.15, 27, 41,
42).
2- Jesus era visto como
alguém da comunidade. Essa invenção desses esotéricos
contraria o relato dos Evangelhos (Lc 4.22-24), onde o Senhor Jesus é apresentado como alguém
que era natural na comunidade de seu povo, Israel, e não como um estrangeiro.
Sua maneira de viver e o seus ensinos refletem a
cultura judaica, e nada há que se pareça com a cultura hindu: “Não é este o carpinteiro, filho
de Maria e irmão de Tiago, e de José, e de Judas, e de
Simão? E não estão aqui conosco suas irmãs? E escandalizavam-se nele” (Mc
6.2,3). Ora, tal atitude do povo não se justificaria se Jesus fosse um
recém-chegado da Índia.
SINOPSE
III
Ao esvaziar a experiência humana
de Jesus, muitos grupos ocultistas distorcem a vida e a obra de Cristo no
mundo.
VERDADE PRÁTICA
O Senhor Jesus Cristo teve vida
social – amigos, parentes -, interagia com as pessoas, e era conhecido dos
vizinhos e moradores de Nazaré, onde fora criado.
CONCLUSÃO
É nosso compromisso seguir o
exemplo de Jesus no relacionamento com as pessoas. É importante que nunca nos
esqueçamos os pontos essenciais dessa lição sobre a verdadeira identidade do
Senhor Jesus. Ele é o Deus verdadeiro em toda a sua plenitude igual ao Pai. E
como homem, em toda a sua plenitude, viveu e andou entre nós, seres humanos.
REVISANDO O CONTEÚDO
1- Quais os principais
opositores de Jesus com quem Ele debatia?
Os fariseus, os saduceus e os herodianos.
2- Como sabemos que o Senhor Jesus teve
vida social e religiosa?
Ele interagia com as pessoas independentemente de sua condição social e
espiritual, “publicanos e pecadores” (Mt 9.10, 11), “fariseus” e “a mulher
pecadora” (Lc 7.37-39) e a mulher samaritana (Jo 4.9-15).
3- O que ensinam as doutrinas
apolinarianista e monotelista?
O Apolinarismo é a doutrina que nega que Jesus encarnado teve espírito
humano. O Monotelismo é a doutrina cristológica do patriarca Sérgio de
Constantinopla, que ensinava haver em Cristo uma só vontade.
4- Quais concílios declararam heresias
o Apolinarianismo e o Monotelismo?
No Concílio da Calcedônia em 451 e o Terceiro Concílio de Constantinopla
em 681, respectivamente.
5- Como os Evangelhos apresentam Jesus?
Os Evangelhos não mostram um Jesus estranho em sua comunidade e muito
menos um forasteiro (Mt 13.55-57; Jo 7.15, 27, 41, 42).